A ariranha de Ivete. Na Lata. O coveiro e o Leônico
Jolivaldo Freitas
Também quero e quem não quer. O Brasil todo quer ver a ariranha de Ivete Sangalo. Quem já viu diz que é coisa graúda, taluda, fofa e – raridade – bonita de se ver. Para mim bastava dar uma olhadinha nas páginas da Playboy e daí correr para a galera. Seria bom ela mostrar logo, para acabar com esta agonia que fica na gente quando ela expõe aqueles pernões que chega a dar medo de tão maciços. Interessante é que eu, por não gostar muito de Axé Music (expressão criada por total felicidade, pelo sarcástico jornalista baiano Hagamenon Brito) terminei por incluir Ivete Sangalo como desafeto, assim mesmo, de graça, sem motivo, dentro daquele conceito de que “quem anda com porcos, farelo come” ou “diga-me com quem andas...”.
Mas, mais interessante ainda, é que, por causa de duras críticas que certa vez li a respeito da estrela baiana, na imprensa baiana, decidi ir fundo para ver o que ela pensava a respeito de um bocado de coisas e descobri uma Ivete irreverente, inteligente (pois é preciso ter neurônios para inventar piadas rápidas ou sair de uma saia justa e isso ela faz muito bem) e cheia de opiniões cruéis e debochadas a respeito de tudo ou quase tudo, inclusive com autocrítica e críticas coerentes a respeito de estrelismo, sexo, carreira e fugacitate. Deixando de lado este papo careta, quero dizer mesmo que Quero ver a Ariranha de Ivete. Vou comprar três exemplares: um para o quarto, um para andar na pasta e outro para o banheiro. Vá lá que as páginas fiquem coladas...
Falando na Lata
Tudo o que falta na imprensa escrita baiana ou não, aquela avaliação tirana, uma nesga de ironia sobre os fatos, uma crítica tipo mão-boba sobre as notícias dos outros, uma avaliação inesperada ou um ponto obscuro nem que seja sobre gastronomia ou horóscopo, tudo está num blog que tem tudo para se firmar como a melhor, grande, incomparável, imensurável (outro dia vim aprender com minha filhinha o que é adjunto adnominal e fiquei me achando), e que é feito por não um, ou dois, ou três, ou meia dúzia, mas por um bando, um grupo, uma trupe de Tuaregs, ciganos, bandas-voou, acadêmicos, ensaístas, articulistas, escrotos, geniais e lúcidos jornalistas que atacam como seleção argentina e defendem como time de Scolari. Sem nenhuma publicidade ou chamariz, já são quase 200 (será que estou exagerando ou já passou este número?) visitas diárias. Verifique no seguinte endereço: falandonalata.wordpress.com. Outra coisa: o blog está aberto a todo e qualquer jornalista sindicalizado que queira colaborar. Ô Mário Kertész. Ô Zé Eduardo. Ô Varela. Ô Emmerson, meus caríssimos amigos. Lembrem de falar do nosso blog.
O coveiro e o Leônico
Lembro, ainda bem garotinho, quando não sabia ao certo se eu era torcedor do Ypiranga, que meu avô morreu amando e meu tio tinha até um protetor de selim de bicicleta com o escudo em amarelo e preto, do Bahia ou do Galicia, que o Leônico era chamado, pela imprensa, de sucursal do Bahia. Todo mundo “sabia” que o Leônico não tinha time. Servia apenas para duas coisas: ser laboratório de teste de neojogadores do tricolor e entregar o campeonato para a torcida do Bahia. Para isso era tido e havido, que recebia uma bonificação. O time nem torcida tinha.
O Ypiranga, taí no chove-não-molha, o que dói no coração; e o Galicia corre atrás de voltar a ser o santo forte lá de Compostela, aqui pelos nossos gramados. Aí vem o Leônico, de triste memória, contrata um coveiro para enterrar o Galícia. O Guanambi precisava dar de dez , e não é que conseguiu. Milagre igual só no Mundial da Argentina, quando o Peru, que é uma espécie de Leônico, conseguiu tomar de seis dos argentinos, deixando o Brasil igual ao Galícia: morto e enterrado. Pelo que dizem, os jogadores ganharam uns níqueis e o coveiro que era o goleiro, uma pá novinha. Vá enterrar a mãe, seu saquê!
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista. e-mail: jfk6@uol.com.br
recortado da tribunadabahia.com.br e publicado em muraldebugarin.com
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