quarta-feira, 25 de julho de 2007

BICICLETA, LIVRO, ORAÇÃO E...FORRÓ!

BICICLETA, LIVRO, ORAÇÃO E...FORRÓ!


Valci Barreto-advogado, cicloativista

publicado no muraldebugarin.com e no
amigosdatoca.com



Sete de junho de 2007, aproveito o feriado do Corpus Cristie , para mais um solitário passeio ciclístico pelas ruas de Salvador. Pela Centenário , aproveitando o plano do vale, sigo em direção à Sete Portas; ruas livre do trânsito louco dos dias normais, vou lembrando das procissões da minha infância em Jaguaquara, enfeitada com palhas verdes de “licuri”. Era assim que chamávamos o côco de ouricuri, (que também enfeitou a minha infância), antes de melhor aprender a “Cartilha” com minhas professoras Mirtes, Elza e Raquel. Cânticos, sons dos sinos, padres e seus auxiliares dando beliscões nos meninos que não rezavam, ou não se comportavam direito. Antes, durante e depois, missas, mesas fartas, mesmo nas casas mais humildes; e os filmes sobre a vida de Cristo, no Cine Bahia; os babas, as proximidades dos festejos juninos, anunciadas nas roças de laranjas e milho, são lembranças imorredoras. Hoje, neste passeio, não tinha como estas coisas não ficarem bolinando a minha cabeça e trazendo saudades e um prazer maior na pedalada. Meu passeio de hoje tinha alguns compromissos “ sérios “, como são todos os compromissos, os quais dependiam dos outros para serem cumpridos: comprar mais alguns livros usados em mãos do senhor Alfredo, na Sete Portas, fazer o mesmo tipo de compra no sebo “O Livreiro”, do “Gaúcho”, na esquina da Poeira com a Joana Angélica, entregar alguns exemplares do ‘FIFÓ 21” no Point do Acarajé, no Canela e o mais importante de todos: participar do ensaio do Forró, dos AMIOGOSDATOCA, no Imbuí. Menos o Ensaio do Forró, todos os outros poderiam falhar em função do feriado. Por isto, a cabeça ficou ainda mais leve para voltar aos meus tempos da “Toca”.

Passo pelo Dique do Tororó, muitas pessoas realizando rituais religiosos, alguns turistas contemplando a beleza da Lagoa e as esculturas dos deuses africanos que guarnecem e enfeitam suas águas. Entro no pequeno Largo da Sete Portas e me alegro ao ver o mercado aberto, a feira movimentada e, lá na frente, seu Alfredo, mesmo no feriado, espondo e vendendo cultura a preços que os mais humildes podem pagar. Adquiro algumas exemplares de livros e revistas. Um deles, de receita de salgados, tem um destino certo: minha amiga Jaí, com seu sorriso sempre iluminado, que me serve o cafezinho na Central do Carnaval. Algumas revistinhas em quadrinhos, que serão levadas ao NACCI, no bairro de Nazaré, em um próximo passeio Jabuti. Após as compras e o abraço no senhor Alfredo, sigo em direção a outro ponto, parada obrigatória dos Jabutis Vagarosos, “O Livreiro”, pequeno sebo do “Gaúcho” em frente ao Ministério Público Estadual, esquina da Poeira com a Joana Angélica. Deixo com ele alguns exemplares do Fifo 21 para seus clientes, retribuindo-me com elogios pela “beleza da edição”, segundo suas palavras. Compro alguns livros para minha pequena coleção de Gramática e Literatura e algumas revistas, em ótimo estado, Época, Veja, Exame, Cult e por aí vai. Após a leitura e reunião de um bom número delas, serão doadas aos meninos do Beco do Panta, no Garcia e para o BICICLOTECA, passeio ciclístico que organizamos, junto ao amigo Lázaro, para manutenção da biblioteca comunitária, da Associação de Moradores de Marechal Rondom. Minha bike, por não voltar vazia, o que aconteceria se aqueles pontos de cultura estivessem fechados no Corpus Cristie, segue bem mais leve.

Sigo em frente: Joana Angélica, Piedade, (muitas orações católicas ecoam pelos seus ares, aguçando a memória da minha infância na “Toca”. Meu próximo destino é o Canela, desejando encontrar o empresário e artista plástico, ED RIBEIRO, do Pont do Acarajé, para entregar-lhe alguns exemplares do FIFÓ 21. Afinal, foi ali o festivo lançamento da primeira edição. Os exemplares que levo, número 2, contém muitas fotos e matéria sobre o evento, que contou com a participação de muitos artistas e empresários, a exemplo do querido Bel Borba, Anna Georgina, Tontom Flores e a “confraria “ da Padaria Apipão.

Point fechado, escolhendo um local para deixar o FIFÓ, sou abordado por alguém de uma barraca de frutas em frente, afirmando ser amigo do Ed. Enquanto peço a gentileza de guardar alguns volumes para o artista, vendo-me de bike, pergunta se participei do evento ciclístico do dia 3.06. Aí a conversa se solta e só se fala em bicicleta: Era o Aloísio Silva, conforme se apresentou, da Banca Vida Natural, em frente ao Point, amante de bicicleta, competidor que compõe o grupo Ervaciclo, do querido Eraldo, proprietário da oficina de igual nome, no Largo Dois de Julho. Logo em seguida, aparece mais um ciclista: Era o Evanival Macário, técnico em eletrônica, meu conhecido de outros passeios, também competidor, do mesmo grupo, que veio pedalando , desde Valéria, onde mora, para visitar o Aloísio fazer, mais tarde, um treino pelas avenidas de Salvador. Durante o papo, aparece o ED, mudando a conversa para o Fifo, artes, livros e futuros eventos que podemos realizar envolvendo tudo isto e mais a bicicleta. Ficou tudo “copiado”... Cumpridas todas as minhas missões da manhã, despedi-me dos amigos. É que me aguardava o Ensaio do Forró da Toca. Por conta da minha esposa Ró, que não pedala, tive que deixar minha magrela em casa e seguir, (lamentando) de carro, em direção aos AMIGOSDATOCA.

Felicidade em todos os poros, já pelo passeio da manhã, foi ela aumentada pelo que via na minha frente, logo ao chegar ao local: Amigos, filhos e até netos de gente da minha infância e adolescência. Aí não precisa contar o resto. Não vou cansar, mais ainda, os meus amigos que conseguiram chegar até aqui.(Ainda bem que só lê quem quer, vantagem democraticamente assegurada por qualquer texto, livro ou revista!) Vejam as fotos. Mas não posso deixar de registrar: durante o forró, já no final, liga meu amigo Buga: Valci, hoje tem Santo Antonio no Aconchego da Zuzu. Dona Zuzu festejou, há alguns dias os seus CEM ANOS!!..

-Buga, sei do aniversário, não sabia do Santo Antonio, não sei se vou agüentar ira até o Garcia depois do Forró da Toca. Se agüentar, dou pelo menos uma passadinha ....

-Então tire as fotos daí, que tiro as daqui, da Dona Zuzu, para colocar no nosso site.

-Ora Buga, você acha que vou estar, na “minha casa”, ao lado de pessoas que quero bem desde que nasci e deixar de fotografá-las? É mais fácil eu não tomar licor!!.. Já fiz isto, meu caro.. E ainda filmei para você mandar para o You Tube.

As fotos e os filmes vão dizer tudo aos meus conterrâneos. As palavras mágicas já foram pronunciadas em nosso encontro e os compromissos acertados: estaremos juntos em mais um São em Jaguaquara. Vamos viver saudades das nossas vidas, construir mais estórias e histórias, guardá-las e usá-las, sempre com muito carinho, durante nossos encontros, como o de hoje, e durante nossa breve mais gostosa existência na terra.

Caro Buga, não deu para ir ao Aconchego da Zuzu. Porém, neste dia , em que se comemora o Corpus Cristie, não deixei de fazer minhas orações para Santo Antonio, São Pedro, São João e pedir que Jesus nos dê a Paz , tão almejada por todos nós, mesmo quando pedida em orações sobre duas rodas pelas ruas de São Salvador e no congraçamento de irmãos no Ensaio da Toca.

Para os amigos e nossa querida terra, o aviso:

“Aguarde nós, ! “Toquinha” . “Tamo chegando...!!!”

Valci Barreto .


-Publicado no www.muraldebugarin.com

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