Editores: VALCI BARRETO, Advogado, estudante de jornalismo. Fones: 9999-9221 (Tim), 3384-3419 e 8760-7969 (Oi). Email: valcibarretoadv@yahoo.com.br. Colaboradores: Itana Mangieri, Alberto Bugarin e Sérgio Bezerra. Todos blogueiros, cicloativistas e amantes de livros, fotos e videos - Interesses do Blog: reportagens, artigos, com destaque especial para passeios de bicicletas, livros, cultura em geral, cicloativismo, cicloturismo e educação para o trânsito. Colaborações serão sempre bem vindas.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
PEDALA RECIFE - GRUPO CORUJAQUEIRA COM UMA JABUTI PERDIDA !
Ao decidir participar do 4ºPasseio Ciclístico Corujaqueira / BPTran / Rede Globo em Recife-PE no domingo 21 de novembro, já imaginava ser algo emocionante mas, no sábado à noite enquanto lia o resumo da reunião de organização me surpreendi com o profissionalismo e grandiosidade do projeto de execução. Resumindo, ... a estrutura básica foi de 140 guias, 40 motos, 12 veículos da PM caracterizados e vários outros durante o percurso, 04 ambulâncias, 01 caminhão baú para recolher bicicletas com problemas, 02 ônibus com ar condicionado para recolher ciclistas cansados ou com problemas na bike, 01 caminhão do corpo de bombeiros, 01 Frevióca, 12 ciclopatrulheiros e 6 fotógrafos oficiais/imprensa. Passei a noite tão ansiosa que nem consegui dormir direito. Às 6:30 hs já estava na Praça do Derby para os
preparativos iniciais, recebimento da camiseta de guia e da recepção calorosa dos amigos e “Corujas” Pernambucanos, fixação da bandeira na bike, circulada rápida para fotos e abraços e reunião geral dos guias e coordenadores para as instruções finais
de segurança, pessoas perdidas e/ou acidentadas, pneus furados, opções emergenciais para imprevistos, etc.
Eu estava radiante. Saí no batalhão de frente como guia e logo na saída, me emocionei ao ver, ao meu lado, dois cadeirantes acompanhando o passeio no mesmo ritmo dos ciclistas. Aquilo me deu uma força tão grande ! ... meus “Heróis” ! Mesmo com a pressão que é ficar no batalhão de frente mantendo uma velocidade leve e constante e tentando controlar alguns ciclistas mais afoitos, o clima era de alegria contagiante. Logo à nossa frente, no espaço vago entre o batalhão de frente e a Frevióca, pedalava o Palhaço Chocolate, acenando para a população que assistia a este desfile ciclístico pelas ruas do Recife. O circuito foi planejado a fim de prestigiar e conhecermos vários pontos turísticos e patrimônios históricos. Ao perceber um pouco mais a multidão que nos seguia, reparei alguns corredores nos acompanhando pela calçada e também um grupo de patinadores paramentados com seus acessórios de segurança.
Na parada, na Praça da República, havia um palco com atrizes globais sorteando brindes, palhaços espalhados e brincando para divertir ainda mais os participantes, barraquinhas para distribuição gratuita de garrafinhas de água gelada, um carro de bombeiro dando um banho refrescante de mangueira e amenizando o calor de um dia maravilhosamente azul e ensolarado. Nesta parada de 20 minutos, deu para notar o quanto esse passeio promove a integração social e esportiva. Participaram famílias inteiras com pais, filhos (da melhor idade aos mais pequeninos que se equilibravam na bicicleta com a ajuda e incentivo dos pais), bicicletas adaptadas, de dois lugares, enfeitadas, antigas e de colecionadores, corredores, patinadores, cadeirantes ... e até o Batman estava lá ! rsrs Ele até gerou um ciuminho entre alguns “Corujas” que o apelidaram de “Super-Herói Água de Coentro” ... rsrs. Ahhh ... outra figura cativante do passeio foi o “Rosinha”, um ciclista muito conhecido de Recife que só pedala com roupas e acessórios cor-de-rosa (tuuuuuudo rosa).
Perguntei a ele porque ele só usa rosa e ele respondeu:
- Por que é a cor do futuro ! rsrs
Nos preparamos para o retorno. Nos posicionamos e seguimos no mesmo ritmo e alegria. Mais ou menos no segundo quilômetro percebi que o pneu da minha bike havia furado. Imediatamente avisei ao grupo do batalhão de frente que eu ia parar por causa do pneu e aguardar na calçada o caminhão para recolhimento. Nesse momento, o também guia-gêmeo-coruja Alexandre me acompanhou até a calçada e aguardou comigo toda a passagem do passeio. Foi aí que “caiu a ficha” (rsrs). Pude ver a quantidade de participantes. Só não deu pra contar todos (rsrs), mas a estimativa final foi de aproximadamente 9 mil ciclistas.
Quando o caminhão chegou para me recolher, afixionei uma pulseira numerada na bike e quando fui afixionar a outra pulseira, com o mesmo número de identificação, em meu pulso, Alexandre afixionou-a em seu pulso e disse:
- Itana, você veio de Salvador só para este passeio e não é justo parar agora. Então siga e termine o passeio na minha bike.
Nossa ! Eu não me contive de alegria. Era o que eu mais queria. Dei um abraço bem apertado em Alexandre e segui riiiiiindo feito criança !
E foi a partir desse momento que eu “quebrei o protocolo” ... rsrs
Como o passeio já tinha se adiantado e distanciado bastante, devido a minha parada, reiniciei minha pedalada seguindo um pequeno grupo, de mais ou menos 12 ciclistas, com minha espontaneidade e responsabilidade de guia, paramentada em camiseta verde-limão e em bike com antena e bandeira. Fui atrás deles orientando-os sobre a segurança de manter-se à direita da rua e seguindo-os. Sinceramente, nem me preocupei com o trajeto do caminhão e do ônibus de recolhimento atrás de mim. Dessa forma, eles seguiram o percurso correto do passeio e eu, sem ver ou perceber, inocentemente certa de que estava seguindo um pequeno grupo que também estava se dirigindo para o ponto inicial na Praça do Derby, seguia-os no caminho de suas casas. Notei que o pequeno grupo diminuía aos poucos até que ... sobrou somente eu.
Demorei a acreditar, mas eu estava perdida !
Fiz algumas ligações do celular
, mas não consegui contato com ninguém para quem liguei.
Lembrei de um amigo de Salvador que morava em Recife, mas ... desisti da idéia de pedir orientação à ele pois me tornaria motivo de gozação por meses, já que ele me apelidou de “desorientada” !
Pensei em chamar um taxi para retornar, mas o primeiro que abordei disse que não tinha suporte para bikes e que a antena de quase 2,5mts com bandeira não caberia no carro !
Bom .... quem tem boca vai à Roma !
Comecei a pedir informação.
- Ei senhor, como faço pra chegar na Praça do Derby ?
- Na Praça do Derby ? Xiiiiiii ... é muito longe !!!
- Ãhã ! ... Mas para que lado eu vou ?
- Retorna essa avenida até o começo e depois que você passar do estádio do Sta.Cruz, no terceiro sinal você entra à direita.
Retornei essa avenida tôda e pedia orientações novamente para outras pessoas na rua e a resposta era a mesma.
- Mas você está muito longe da Praça do Derby !
Minha preocupação maior não era estar perdida ou longe, mas sim com a bicicleta que não era minha.
O que Alexandre estaria pensando ? Que eu fuji com a bike dele ?
Fui seguindo, me orientando, enroscando a bandeira da bike em algumas árvores, fotografando pelo caminho perdido, ... até que comecei a encontrar outros ciclistas vestidos com a camiseta oficial do passeio (sinal que já estavam “mesmo” voltando para casa) e que me orientaram como chegar à Praça do Derby. Já quase próxima da Praça do Derby e da Avenida Agamenon Magalhães, encontrei um policial e pedi mais uma orientação, pois neste momento, por volta de 13:30 hs, eu já estava desidratada, cansada e com a garganta seca.
- Seu Guarda, por favor: eu não sou daqui de Recife e participei de um passeio ciclístico hoje como guia e estou perdida. Preciso retornar ao ponto de partida na Praça do Derby. Você pode me orientar como chegar ? Eu estou muito longe ainda ?
- Guia ? Passeio ciclístico ?? ... e perdida ????
(respirei fundo ... )
- É, Seu Guarda, ... acontece !
E ele não conseguiu conter a gargalhada !
Mesmo assim orientou-me a seguir em frente, virar à esquerda no primeiro sinal e depois à direita no próximo sinal que eu já estaria na Praça do derby (finalmente !!!).
Saí correndo, abanando a bandeirinha na bike !
Ao chegar à praça, vi as barraquinhas já em processo de desmontagem e ao fundo um grupo de guias e coordenadores do Grupo Corujaqueira reunidos e pensei: já devem estar se despedindo e eu perdi a confraternização final do passeio !
Mero engano. Quando me viram foi uma festa e um alívio. Estavam planejando como me resgatar, tamanha a preocupação que causei com essa minha “desviada” de rota !!! rsrs
Devolvi a bike de Alexandre, pedi desculpas a todos e expliquei minha bananosa ciclística !
Mas disso tudo, tirei o lado bom:
- Ainda tenho muito o que aprender com a organização e profissionalismo do Grupo Corujaqueira;
- Fiquei com sabor de “quero mais” e farei o impossível para participar novamente no passeio de 2011;
- Me superei na "proeza" de me perder de um grupo de quase 9 mil ciclistas ! rsrs
(inacreditável, ... mas eu consegui !)
- Conheci um pouco mais de Recife através do meu roteiro “perdido”;
- Serei lembrada por uma “baianada” em Recife;
- E sou grata a todos pelo convite, recepção, carinho e preocupação.
Meus agradecimentos especiais:
- Ao Grupo Corujaqueira pelo convite, integração e participação;
- A Miriam e Alexandre pelo carinho e empréstimo das bikes;
- A Ana Luiza e Sílvio pelo amizade e “elo” ciclístico entre Bahia e Recife (e conexões com grupos de outros Estados)
- A Analayde pela amizade, suporte e acolhida;
- Ao meu Grupo Jabutis Vagarosos pelo incentivo moral e ciclístico (devagar e sempre);
- A aquela que nunca sai do meu pé: Meias Lorpen (a meia esportiva mais confortável que meus pés provaram e aprovaram - Uso em todas as minhas pedaladas e recomendo !)
Jabuti Itana Mangieri
Mais fotos na galeria de www.muraldebugarin.com
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