sábado, 4 de fevereiro de 2012


VÁ AO CARNAVAL.

Valci Barreto.
Tv rua
Bikebook.blogspot.com
Muraldebugain.com


Há uma campanha nas redes sociais , NÃO VÁ AO CARNAVAL. Tudo tem um lado bom, ruim e  também o  mais ou menos. Quase nada é perfeito ou imperfeito. A internt não é  diferente. A meninada, ou mesmo grupos dos mais diferentes seguimentos políticos, sociais, esportivos, fica em casa teclando no computador e espalha pelo cyber espaço:

Cuidado com a blitz: tão pegando bêbado na rua tal.

NÃO COMPRE GASOLINA EM TAL LUGAR.

NÃO ANDE DE CARRO, VA DE BIKE.

Não compre nada no dia dos pais, e por ai vai.

Uma delas é NÃO VÁ AO CARNAVAL, ou NÃO VOU AO CARNAVAL.

Muitas destas campanhas funcionam , a exemplo do OCUPA SALVADOR. Muitas outras não. Há uma forma hoje muito facil de pregar qualquer campanha :um teclador contumaz, desenvolve uma campanha desta de dentro de casa e quem sabe, na hora que recebe um abadá, um camorote, um convite para o camarote da Brama , para ver o desfile das escolas de samba, se manda para o Rio de Janeiro. Há os fieis, que recusam. Muitos outros, porém, jamais.  Muitos que aceitam nem têm o cuidado de avisar : Pedi para ninguém ir ao carnaval, mas eu terminei indo. Também não precisa, muitos não dão as caras, o que não vejo mal nenhum neste tipo de esconderijo, quando a campanha é salutar, é para o bem. 

Mesmo não pulando mais em nenhum bloco, gosto do carnaval. Não vou mais aos blocos porque há certas coisas que não combinam com as idades. Uma delas é tomar tombo nos apertos em que se transformou o nosso carnaval, tanto em blocos como em camarotes, porque tem gente demais para o espaço disponível na Avenida.

Por isto é que, em vez de fazer campanha para não ir ao carnaval, eu preferiria fazer uma campanha para aumentar o espaço geográfico do carnaval, dividindo bem os espaços para todos os blocos desfilarem. 

Como exemplo, o Carnaval poderia ser por toda a Paralela. Haveria uma vantagem que, aumentando, aumentando, chegaríamos a Aracaju.

Isto daria uma folga a todo mundo que , mesmo velhinhos desejassem  pular e  crianças.  Prturbaria o sono dos moradores da Parelela, mas descansaria os moradores do Centro.

Muita gente está pensando em um monte de coisas, especialmente quem aluga espaços de casas e apartamentos no circuito atual do carnaval. Haveria prejuízo para estes, mas, socialmente, seria melhor em todos os sentidos, inclusive para o som, que teria mais espaço para se propagar, aliviando os ouvidos dos foliões.

Óbvio que minha sugestão é bem antiga. Já na década de 80 falava-se em estender a geografia do Carnaval baiano. Havendo muita coisa para ser mexida, o poder público e entidades carnavalescas preferem deixar onde está, na base do “não se meche em time que está ganhando”.

Inspirou-me este texto o falto de, há alguns minutos, da minha casa, escutei o som de uma bandinha, toda animada, tocando musicas, em estilo de marchinhas antigas, belas músicas de Zeca Pagodinho e Nelson Rufino, que adoro. Uma delas era (Verdade): “  Descobri que te amo demais”.

Deixei o que estava fazendo , peguei minha maquina e pensei: vou filmar esta bela cena, este belo som.

Fuio ao terréo pensando que estava bem próximo do meu prédio,  quando fui informado pelo porteiro que já havia passado. Fui, então, até a Creperia Mariposa, e a bandinha já estava além do Shopping Apipema, fazendo-me desistir de filmar ou acompanhar, mesmo porque desci com um short um tanto, para ser bonzinho com ele, bagunçado. A camiseta, mais ainda e não pretendia,  “sujar o ambiente”, com  a minha forma de vestir, pois o pessoal estava bem arrumadinho, pelo que vi de longe.

Voltei, então, para casa. Deixei de gravar as imagens, mas na  minha na minha cabeça continua, ainda agora, tocando: “Descobri que te amo demais, descobri em você minha paz, descobri sem querer a vida, Verdade...”

Com certeza, pelo que me conheço, ela ficará hoje, quem sabe até amanhã alegrando o meu lado musical. e trazendo imagens de antigas  carnavais ,  com  garotos, de 9 a 90, nos clubes da minha cidade , do Baiano, Associação Atlética, Iate (o porteiro deste clube, e um gerente do banco onde eu trabalhava, garantiram-me entrada , em dois anos, no clube dos ricos da Bahia) e até do Rio de Janeiro onde, passei um daqueles: Colombina eu te amei...

Pois bem, além de pensar nestas coisas, fico matutando: porque o pessoal, em vez de reclamar do barulho, de Bel, da exploração dos cordeiros, do preço da cerveja, da “exploração do povo pelos blocos de carnaval, “, não faz seu próprio bloco e sai por ai, como se fazia ?

Porque, em vez de chorar o que passou, não constrói um novo Carnaval, sem trios,  sem bagunça, sem aperto, sem pagar caro, acompanhando bandinhas como a que passou agora na Sabino Silva? E deixar rolar o da avenida sete até  Ondina?

Posso garantir, eu que conheci um pouco dos antigos, que o que vi, nada deve a nenhum deles.  Aliás, um nada deve ao outro e,  com certeza, é até bem mais democrático do que os do Iate, onde eu ia por favor, e o do Baiano que podia pagar, mas me dava um trabalho danado!!

E olha que, tudo aconteceu agora, em uma rua um pouco movimentada da Sabino Silva, às 20 horas, e no dia de greve da Policia.

Pessoas de varias idades, pelo que pude ver, e até “coroas”, ou “velhinhos”, marchavam ao som do Zeca:

“Mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez”.

Curiosa era a harmonia com carros, moradores e até com Policiais em greve e pelos arrastões que se operam em Salvador nestes dias.

Pelo menos, até o termino deste texto, parece que ninguém os incomodou.

Os foliões não obedeceram ao “NÃO VÁ AO CARNAVAL” e quem, sabe, com as marchinhas de hoje não se esta inaugurando mais um dia de folia na Bahia. Confesso que estou adorando a idéia e,  mais do que “Não vá ao Carnaval”, sou mais o Zeca Pagodinho:

Também não me desespero. É o que deve ter pensado os foliões que passaram há pouco por aqui.
Sempre há esperança, pelo menos enquanto se buscar novos caminhos, quando outros estão fechados, seja no carnaval, seja nas greves e arrastões que nos deixam reféns da violência urbana de todos os níveis.

O Carnaval, pelo menos o de hoje, me deu certeza de que há saídas. Mas muita gente continuará preferindo ouvir trios, e correr para o perigo .

 Que vivam  Zeca e o querido baiano Nelson Rufino, também dando esperanças:

“Descobri que te amo demais” e Deixa a Vida me Levar:

ouçam, nos:

http://www.youtube.com/watch?v=HJzKCFxFlBY

Vá ao Carnaval da Sabino Silva no próximo ano, enquanto não há trio elétrico. Mais um território já foi marcado. Em sem patrocinio, sem cordeiros, trio eletricos  nem arrastões. Pelo menos até o momento em que terminei este texto: 21 horas, sem revisão.



































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