Valci Barreto
Advogado, cicloativista,
Editor do bikebook.blogspot.com
Do MEU ZINE
Colaborador do muraldebugarin.com
Desenvolvemos ações voltadas para o uso da bicicleta nas ruas de Salvador. Entendemos que é uma falta de civilidade a pessoa ter que usar um carro para comprar um pão, remédio, tomar um sorvete, visitar um amigo, ir a uma praia, há pouca distância de casa. Para movimentação deste tipo, a pessoa civilizada não precisa entrar em um carro com quatro pneus, um monte de ferro, gasolina, contaminação ambiental, stress e, na maioria das vezes, conduzindo apenas uma pessoa. Pensando apenas um pouquinho, o sujeito, se for civilizado no pensamento, vai se sentir preguiçoso, sem cultura , vivendo na pré história. Ele vai ser ver roçando pau ou pedra para acender a fogueira no fundo de uma caverna.
Entre outros males causados pelo uso indiscriminado do carro, está o desperdício, o custo social desnecessário,inclusive com remessa de divisas para o exterior que a industria do automóvel impõe. E, pior que todos, as vítimas de acidentes. A cultura do veiculo automotor fechou os olhos das pessoas para prazeres simples, atividades e ações que podem ser realizadas a pé ou de bicicleta, sem qualquer prejuizo ao tempo ou a outras atividades. Desenvolveu, também, um imensurável egoísmo por parte dos motoristas. Imprimiu-lhe a sensação de poder, de que todos devem correr, sair da sua frente para ele passar. Influiu na arquitetura, onde prédios e ruas contemplam apenas os veículos. Constroem-se estradas federais, estaduais, municipais, onde são gastos milhões de reais, muitas vezes até bem aplicados, mas não destinam o mínimo do percentual, em dinheiro nem o mínimo de espaço para as bicicletas. A rua, por lei, é do carro, da moto e também da bicicleta. O mau motorista, no entanto, pensa que apenas para ele foi implantada. Desrespeita a todos, inclusive a outros motoristas que estão na sua frente: "colam" no fundo , assustam, buzinam, "tiram fino",dão sinal de luz a dizer: “sai da frente , que eu quero passar.." Ninguém é obrigado a correr porque o que vem atrás assim o deseja. Mal a sinaleira abre, já buzinam e dão sinal de luz. Nas escolas, a buzina é usada para chamar os filhos. E estes, dentro dos carros dos pais, aprendendo a mesma lição, a forma agressiva, estressante, mal educada, de dirigir, de viver, de chamar a namorada no vigésimo andar de algum prédio.
Muita gente está querendo trocar o carro pela bicicleta para muitas atividades, até mesmo em respeito ao nosso planeta. Mas não têm coragem, especialmente por medo dos motoristas agressivos, apressados, egoístas, estressados que desrespeitam a todos, até mesmo a outros motoristas.
Um grupo significativo de pessoas está fazendo a sua parte, no sentido de fazer os motoristas entender que a rua pode e deve ser compartilhada; que o uso da buzina do carro, para que o ciclista saia da sua frente, além de ser uma ilegalidade, porque a preferência, por lei , é da bicicleta, é falta de respeito e de educação.
Alguns motoristas, especialmente os que já andam de bicicleta, tem melhorado a sua conduta no transito, independentemente de ter em casa alguma vitima de acidente causado por outro motorista. Outros não; especialmente os de ônibus, táxi, carros utilitários e jovens apressados que tentam, com correrias, arrogâncias, buzinas e zig zags nas pistas , superar a sua desorganização de horário, seu acordar tarde, pondo em perigo vidas alheias e a sua própria. Reprovável, por demais, motorstas de orgãs públicos: são verdadeiros donos de toda axtensão da pista. Para um bom número de motoristas de táxis, ônibus, carros utilitários, a rua é só deles e todos têm que correr no seu mesmo rítimo, têm que sair da sua frente de qualquer jeito.
Junto aos ciclistas, não são poucos também os mal educados, desrespeitadores das leis de trânsito, do pedestre e até mesmo de outros ciclistas.
O número crescente de mortes , de violência, de todos os males que nos acometem nos tempos modernos, têm tornado a vida mais difícil, bruta, arriscada. Dentro do nosso egoísmo, só nos apercebemos disso quando a vítima é irmão , filho, pai , mãe. E muitas das mortes, aleijões, perdas de pernas, braços, mutiliações, advém da falta de cuidado, de respeito, de educação no trânsito. Só tentamos fazer algo quando a vítima é um dos nossos.
Mesmo em uma pista estreita, nada justifica que o ciclista, andando em sua preferencial, cumprindo as normas de trânsito, tenha que sair correndo, apressado, tenha que se jogar no passeio, se espremer , para atender a buzina do ônibus , táxi ou do apressado e mal educado motorista de qualquer outro veículo. É uma violência como outra qualquer e pode matar, mutilar, como têm acontecido.
Estamos encaminhando este texto, que é fruto de reflexão de muitos cicloativistas, que também dirigem carro, andam a pé, de moto e de bicicleta, na esperança de que alguém possa entender esta mensagem, que seria desnecessária se a brutalidade não estivesse nos cercando todos os dias em cada esquina, em cada rua, em cada passeio. O cuidado com o semelhante não deve se limitar aos de dentro de sua casa, à mãe, pai, irmão, esposa , namorada. Todos merecem o mesmo respeito. As dores dos mutiliados são as mesmas. Os males sociais são equivalentes, mesmo que os insensíveis assim não pensem.
Aos ciclistas, da mesma forma, pedimos o respeito às normas de trânsito, os cuidados com os carros, pedestres e com os outros ciclistas. Há aqueles que pedem respeito por parte dos motoristas, mas não respeitam carros, pedestres, nem a outros ciclistas.Muitos usam buzinas que assustam, poluem, maltratam, incomodam pessoas que estão andando nas ruas ou mesmo descansando em seus lares.As buzinadas agressoras devem ser evitadas, especialmente nas manhãs, madrugadas, noites, frentes de hospitais e de casas de saúde, creches, abrigo de idosos,escolas. Há ciclistas usando buzinas mais apropriadas para caminhões do que para bicicletas. E acionam estas máquinas de fazer barulho em todo o seu trajeto, poluindo, agredindo , assustando.
Vamos todos nos educar para permitir que bicicleta, automóvel e pedestres possam se respeitar.
Há pessoas com Bibilia no banco do carro, pregando o evangelho ao carona ou cliente ao mesmo tempo em que está agridindo outro motorista com buzinadas, zig zags, acelarão de motor, jogo agressivo de luz. Há até educadores que dentro de suas casas ou dando aulas, são pessoas dóceis, cheios de sabedoria para transmitir, até de boas maneiras .Mas quando pegam o carro saem pelas ruas comentendo as mesmas mazelas de qualquer embrutecido. Alunos de curso superior, que receberam formação doméstica, cuidam bem dos seus familiares em casa ; não querem ve-los estes mutililados por um acidente de trânsito. No entanto, dirigem colocando em risco pessoas que também tem pai, mãe, irmãos, parentes que os querem vivos e sãos.
Passo pela Centenário e Pelo Dique do Tororó quase todos os dias, de carro, moto ou bicicleta. A pista estreita, não permite alta velocidade. Há sinal de limitação de velocidade. Quem ali anda, qualquer hora testemuna que ali mora um bom pedaço da brutalidade ao volante. Alimitação de volicidade, os sinais na pista não lhe dizem respeito.Eles aceleram, buzinam dão sinal de luz, mudam de uma pista para outra, com muita violencia, gritam , chingam, mesmo que o outro motorista esteja no limite legalmente recomendado. Isto apenas porque conhecem , sabem onde estão os contadores de velocidade. Em vez de respeitar o seu semelhante, o pai de família, o filho, mãe de alguém que está em sua frente, ele prefere respeitar apenas o equipamento, a multa ou o soldado armado. Toda esta violência, ausência de respeito dos motoristas , além de todas as mazelas que trazem para a vida de todos, inibe as pessoas a andar de bicicleta pelas ruas de Salvador. E, realmente, é arriscado; especialmente para os ciclistas também mal educados, apressados, estressados.
Não somos contra o carro. Somos a favor da vida, da educação, do respeito ao próximo que deve existir em qualquer lugar: filas de elevadores, hospitais, abrigos de velhos, sobretudo no transito pela possibilidade causar mortes , violências, mutilações que tantas vítmas têm feito.Como se sabe, muito mais pessoas morrem no Brasil vitima de acidente de veículo do que as que morrem em muitas guerras que estão acontecendo na Terra nos tempos atuais.
É comum, para que um motorista atenda a uma regra mínima de respeito ao próximo, às normas de transito, tenha que ter contra si um policial apontando-lhe uma metralhadora. Nesta circunstancia, o motorista mal educado passa a ser a mais humilde, a mais doce das criaturas, por mais valente que se apresente no trânsito. Jamais qualquer motorista buzina , agride a um carro da polícia que está em sua frente. São simples, generosos, educados, respeitadores. No entanto, se em sua frente está uma bicicleta, uma moto, um pedestre, ou até um motorista que ele entenda mias fraco, mais humilde, usam o carro como arma para agredir, assustar, ameaçar com buzinas, sinais de luzes, "finos" agressores, aceleração dos motores. É uma pena que estas pessoas só entendam a liguagem da arma, da violencia, da multa ou da polícia fardada. A Polícia , com certeza, preferiria que as suas armas jamais tivessem que serem usadas para educar alguém no trânsito
Em nossos passeios ciclísticos, vivemos experiências como a que segue: um grupo de centenas de ciclistas nas ruas, com passeio autorizado pelo poder público, com apoio da Policia Militar e dos órgãos de trânsito. O motorista, vendo apenas o ciclista, vem buzinando, agredindo, querendo passar por cima de todos; quer "abrir a rua " de qualquer jeito. Como não têm coragem de atropelar a tantos ao mesmo tempo, param e ficam reclamando, agredindo, desrespeitando a todos. E gritam: "saiam da frente, que estou apressado". Os ciclistas(há pessoas educadas e treinadas para dialogar com o motorista) chegam até o estressado, fazendo-lhe as ponderações de estilo, quando conseguem. Alguns motoristas simulam , acelarando os motores, que vão passar por cima de alguém. Quando chega o policial que apoia o evento, o motorista é a mais humilde das criaturas, transforma-se, de imediato, no mais doce e humilde dos seres humano. Pedem até desculpas, deixam toda a valentia embaixo do banco do carro... Ficamos curiosos como a pressa termina tão rápido...E questionamos,por que só respeitar a arma, a multa, e não ao seu semelhante? Há pessoas, conheço muitas, com uma Bíblica no banco do carro ,um rádio ligado em programa religioso . Enquanto isto, a mão na buzina e o pé forte no acelerador ameaçando, agredindo, desrespeitando o ritmo de quem está em sua frente.
Queremos ter a chance de poder pedalar em Salvador. Não queremos atrapalhar o trânsito. Em nossos passeios, buscamos educar também os ciclistas, no sentido de que deixem os carros fluírem pela esquerda, utilizando, para o passeio, apenas a pista da direita. Temos obtido muitos avanças neste sentido. Muitos motoristas e ciclistas já entenderam a mensagem e buscam o respeito mútuo.
Porém , nos passeios comuns, onde não há policial, as agressões continuam. Mas não vamos desanimar. Toda luta tem seus heróis, vivos, mortos, quem ganha e quem perde . Buscamos um caminho em que todos os envolvidos sejam vencedores. Basta todos se respeitar e disciplinar suas vidas para que não vejam a rua como espaço apenas para seu veiculo, exercício de seu poder, exbição do seu egoismo e narcismo perante o mundo. Seus filhos, pais, irmãos, parentes , estão também nas ruas. Não creio que o mal motorista queira que outro lhe seja igual, fazendo seus familiares correr perigo com o mesmo tipo de agressão e de desrespeito.
É uma pena que os agressores de toda ordem, não atendam aos nossos pedidos, aos nossos apelos. No entanto, ficam quetinhos, bem comportados, humildes, quando encontram em sua frente uma Polícia apontando-lhe uma arma . Alguns preferem respeitar aviso de multa do que a presença de um ser humano em sua frente, mesmo que esteja também dentro de um veículo e trafegando na velocidade que a lei permite.
Mas não vamos desanimar. Não vamos torcer para haver mais mutilados, mais mortos, somente por não estar protegido por uma policial armado ao nosso lado, ou fiscal com nota para aplicação de multa.
Para quem puder , e quiser, pedimos a propagação deste texto por e mail, impressão, xerox, fixação em murais do trabalho , bares, restaurantes, salão de beleza, hospitais, distribuição nos ônibus, táxis, kombis, escolas, faculdades, igrejas, divulgar onde possível for. Mas sem sujar as ruas.
E podem corrigir os inúmeros erros de grafia e de gramática nele contidos.
Aproveitamos para fazer uma sugestão aos juizes que julgam os acidentes de veículos: Mesmo para as infrações mais leves do transito, pedimos impor penalidade como : participar dos passeios ciclísticos urbanos, fazer transportes de correspondências do Tribunal, dos órgãos públicos, hospitais, correios, montados em bicicletas. Se não souberem montar, serão conduzidos em garupas, devidamente equipadas, por ciclistas experientes em transportes urbanos em bicicletas. Já são muitos em nossa Capital. Esta penalidade deve ser aplicada apenas para pedais nos grandes centros urbanos. Na zona rural e pequena cidade não teria efeito. Deixaria de ser pena para ser diversão.
Nossos grupos de passeios , de atividades e ações cicloativistas, com certeza colaborarão com Justiça e , sem qualquer dúvida, será dado ao apenado todo o respeito, apoio e educação que ele negou ao seu semelhante ao dirigir.
Pedimos a todos fazer chegar esta sugestão a todos os tribunais do nosso pais, por e- mail, correio ou entrega pessoal.
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==foto publ site uol de 16.03.2008, acidente uma da madrugada em sao paulo. Um ferido gravemente, danos materiais, interdição da rua por muitas horas. Todos nos pagamos, de alguma forma pelos desastres, com impostos, aumento do custo de vida e outras consequencias. Sem falar nas mortes, perdas de braços, pernas, trajédias familiares.=
AOS MOTORISTAS, MOTOCICLISTAS, CICLISTAS E PEDESTRES.
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Editores: VALCI BARRETO, Advogado, estudante de jornalismo. Fones: 9999-9221 (Tim), 3384-3419 e 8760-7969 (Oi). Email: valcibarretoadv@yahoo.com.br. Colaboradores: Itana Mangieri, Alberto Bugarin e Sérgio Bezerra. Todos blogueiros, cicloativistas e amantes de livros, fotos e videos - Interesses do Blog: reportagens, artigos, com destaque especial para passeios de bicicletas, livros, cultura em geral, cicloativismo, cicloturismo e educação para o trânsito. Colaborações serão sempre bem vindas.
Um comentário:
Olá,
dei uma olhadinha rápida no seu blog que o não acaso colocou no meu caminho, e que não é uma ciclovia... ele me parece uma avalanche (rss); uma revocicloada... sei lá.
Achei legal, vai em frente.
Guacira
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