FORRÓ DA TOCA!
Valci Barreto
Editor do bikebook.blogspot.com
Colaborador do muraldebugarin.com
E da Folha do Recôncavo.
Há muitos anos não ia ao São João de Jaguaquara. Ano passado, tomei a decisão de matar a saudade dos antigos festejos que continuam encantando seu povo e visitantes.
Quando Jaguaquara ainda era uma pequena cidade, entre outras tradições juninas, havia as visitas às casas , sempre abertas, oferecendo canjica, amendoim e outras iguarias juninas; e o orgulho e alegria de quem recebia. Muitos fatores afastaram estes costumes que sobreviveram em Jaguaqura, com todo o vigor, até os anos setenta.
Posteriormente, nasceu uma nova forma das visitas, com grupos cada vez maiores, formados como verdadeiros blocos antigos de carnaval, com fantasias e sanfoneiros, com o nome de Arrastão.
Em um certo tempo, houve uma paralisia tanto das visitas quanto dos arrastões. Gerações novas que haviam participado ou visto, quando garotos, aqueles costumes, resolveram resgatá-los. Sob o comando de Jaguaquarenses, amigos e familiares, mesmo de outros cantos, com raízes ou amizades na cidade, como Sergio Beleza, (Albany)Alex e Marcos Amaral,(Planeta Othon); Elba, Edson, Edna Andrade;Glicério Lemos; Carlito e Cassiano Lemos, José Acúrcio,(Embasa) João Bidó,(CAR), João(tebelião em Salvador); Anaildes; Márcia;Ieda ; Graça, juntaram-se novos e antigos foliões juninos para manter, com outra roupagem, mas com a mesma alegria ,os “arrastões”.
São eles formados por amigos, parentes ou amigos de amigos para fazer o que se fazia antes: sair pelas ruas, visitando casas para comer, beber,festejar; e sempre acompanhados de um sanfoneiro, triangulo e zabumba. Não mais como antigamente, quando todas as casas ficavam com suas portas abertas para receber qualquer um que nela quisesse entrar, atualmente há um roteiro prévio, sabendo os foliões em quais casas serão recebidos. Há quem alugue casas, como os irmãos Alex e Marcos ,não somente para se hospedaram durante os festejos como para receber o Arrastão. Há quem vai ao São João jaguaquarense tão somente para participar desta parte dos festejos.
Este ano, pela primeira vez, o empresário Sergio, paraibano que representa a Souza Cruz em todo o nordeste, foi um dos novos que alugou casa e, com toda simpatia ,participou e recebeu o arrastão, oferecendo, entre outras iguarias, uma deliciosa feijoada. Levado pelos amigos Alex e Marcos Amaral, garantiu presença nos próximos. E olhe que o homem é de Campina Grande!
Há na praça da cidade também grandes shows com bandas forrozeiras se revezando até o dia amanhecer.
Fui este ano mais uma vez para o arrastão e também para matar as saudades “das coisas que ali deixei”, como diz a canção.
Aproveitei para levar algumas revistas usadas para as crianças do Bairro da Casca. Visitando a família Costa, no Alambique, fui surpreendido pela presença do casal João Bidó e Sonia que ali estavam para fazer exatamente o que eu fazia: matar saudade dos passeios que fazíamos em nossa infância e adolescência, levados pelas nossas escolas. Deixamos a casa da família Costa e seguimos em direção à sede da Colônia que enfeitava aqueles nossos passeios com o verde dos vales, a arquitetura da séde , charretes de colonos e um belo lago cheio de patos e gansos, peixes e cantos de passarinhos. Os passarinhos sumiram; o que era lago e bela séde são um brejo cheio de taboas, quase seco ,e um prédio caindo aos pedaços, mantendo ainda a data de sua construção: 1907.
Conversamos sobre o descaso das nossas autoridades em relação ao patrimônio histórico , comentando o amigo João Bidó: “Se eu tivesse grana, não precisava de governo para refazer tudo isto". “Estão enterrando aqui a história de muita gente; a minha inclusive”, disse João, confessando a sua tristeza, por mim compartilhada.
Algumas crianças brincavam ao lado da quase ruina. Aproveitei para retirar do carro mais algumas revistas usadas e lhes entreguei. Virou festa! Após recebê-las, deixaram as bricadeiras e correram , conduzindo-as para a casa visinha, onde moram, enquanto observávamos a alegria com que passavam as páginas.
Encantados , Sonia e Bidó prometeram fazer o mesmo daqui por diante. Iniciamos a conversa inevitável: muita gente deixa de dar presentes por não ter dinheiro. Não imaginam que podem fazer alegrias de muitas crianças com coisas tão simples como revistas e brinquedos usados.
Cumprida a visita, retornamos juntos, em carros diferentes, para a cidade; iriamos participar do Arrastão que tinha início previsto para as 12 horas. Deixei algumas revistas para entregar a outros meninos no bairro da Casca, mesmo caminho por onde retornaríamos. No trajeto, quando via crianças sentadas em algum lugar, parava o carro para fazer a entrega, enquanto João e Sonia assistiam ao “espetáculo”: as crianças “trocando tapa” por elas!
Foi uma manhã de festejo junino alegre e produtivo!
Depois ainda dizem que nosso povo não gosta de ler!
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ARRASTÃO/ANIVERSÁRIO DE JOÃO BIDÓ .
Chegamos à praça e um amigo de João nos mostrou o livro, recém lançado , do Ex Prefeito de Jaguaqura, nosso amigo, ITALO RABELO DO AMARAL,
“JAGUAQUARA – DADOS HISTÓRICOS – INTENDENTES E PREFEITOS, Edição do Autor, de 2008,o qual estava á venda em uma banca ,ali no Jardim.
Compramos cada um exemplar e os depositamos no carro . A leitura ficaria para depois do Arrastão, que já se iniciava com todos o seus ingredientes: vendas dos lenços para os seus componentes, licor, amedoim , cerveja, e porque não ? pinga e wisky.
Em todas as casas visitadas, o de sempre: alegria, música, agradecimentos, terminando na casa de Márcia/Anaildes que, como sempre agracia os foliões com uma peça teatral, uma performance que é a marca do final do cortejo. Este ano, o tema foi o cangaço, com distribuição de boletim informativo sobre a história do bando de Lampião.
Após o arrastão , fomos eu e Ró para o Hotel Vaz, onde estávamos hospedados. No dia seguinte mais festa : Aniversário de João Bidó, com a tradicional feijoada, entrando e saindo gente, menos o aniversariante; Acurcio; “João, de Graça” , tabelião em Salvador, que há vinte e quatro anos escolhe Jaguaqura para os festejos juninos, com o seu timbau , e um amigo violinista e cantor amador, ambos nascidos e criados no Largo 2 de Julho. Ficaram todos nós animados e maravilhados com as músicas de todas as épocas, acompanhadas por todos os participantes . Para mim foi o último dia de festa.
Eu e Ró dormimos cedo e antes das cinco estávamos em pé.Após o banho, enquanto colocávamos as coisas no carro, iniciei a conversa com uma figura simpática que trabalha no Hotel Vaz, onde estávamos hospedados. Trata-se de Moisés Miranda. Quero saber dele e descubro que: nasceu na Vasco da Gama, em Salvador. Deixou a capital ainda criança guardando poucas lembranças de seu tempo de Capital. Sua mãe, filha de Jaguaquara , retornou para sua terra natal , mantendo uma banca de frutas. Moram no bairro da Casca. Restando algumas revistas no carro, pergunto se ele poderia entregá-las a qualquer criança daquele bairro. Respondeu-me que as leria e em seguida distribuiria .
Dscobrindo que Moisés é leitor, começei a atrasar a saída... conversa de revistas, livros, e sua distribuição, perguntei se poderia mandar mais para êle, pelo Correio. Respondeu que sim . E , entre outras coisas, falou que sonha ter uma biblioteca!
Não fosse Ró, com pressa para retornar, com medo dos engarrafamentos nas estradas, que também me acometia, certamente teria um grande motivo para atrasar ainda mais a saída da "Toquinha" e saber mais sobre Moisés e seu gosto por leitura.
Apressei um pouco, não sem antes tirar uma foto ao seu lado e ouvir dele o último reclamo:
“Fico triste, chateado até, ao ver professores cortando, rasgando livros e revistas para as crianças fazerem trabalhos escolares... deveriam mandar copiar”; e acrescentou: “se eu pudesse, não deixava”.
Quem quiser ajudar Moisés Miranda, a fazer sua biblioteca, pode entregar ou mandar livros e revistas, mesmo usadas, para o próprio Hotel Vaz, onde ele trabalha; O correio não entrega na sua residênica.
Além das ações filantrópicas que a turma do Arrastão promove nos festejos juninos, sugerimos mais este:
O ARRASTÃO DOS LIVROS ou FORRÓ DOS LIVROS: cada um leva um livro ou revista usada para entregar a qualquer criança, sugerindo o “plano piloto” no bairro da Casca.
A saída de Salvador para Jaguaquara foi complicada por um engarrafamento que se estendeu até Feira de Santana. Saímos seis da manhã e fomos chegar em Jaguaqura às 16 horas. Até Feira, foram seis horas!Nosso retorno para Salvador foi tranqüilo: saímos 6.12 de Jaguaqura e chegamos na Capital baiana às 12.30. Vimos devagar e não pegamos qualquer engarrafamento.
As fotos dos festejos e de outras vistas da Toca da Onça e algumas de Itiruçu, onde também estivemos, já estão postadas no muraldebugarin.com, em "galeria de fotos".
Clique mais de uma vez nas fotos para outras aparecerem e serem ampliadas.
Para ver as mais antigas, clique em "próxima", embaixo da página.
E mandem revistas e livros usados para Moisés e Terezinha Costa:
Terezinha Costa,
Rua Otavio Mangabeira, 98, Jaguaquara Bahia,CEP 45.345.000
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MOISES MIRANDA,
Travessa D.Pedro II, 194, Hotel Vaz
CEP 45.345.000-Jaguaquara - Bahia.
Eles agradecem as doações e repassam para outras pessoas.
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SÃO PEDRO E PEDAIS BAIANOS:
Passado o São João, vem aí São Pedro. No próximo domingo teremos o CANTO DA PRAÇA, no Jardim de Nazaré, das 10 às 12.30 horas. Entre os componentes, JOAO BANDOLA, POLY e outros apaixonados pela boa música. De graça e pode ir de bike . Se voce gosta de cantar, poderá dar uma canjinha.
No dia 02.07, cavalgada de 700 km, de Rui Barbosa até às romarias da Lapa, com participação de empresários, fazendeiros, advogados, médicos, comerciantes.
dia 18.08, Mundão, funcionário da Fundação Cultural do Estado da Bhaia, parte de Salvador, do Arenoso, Tancredo Neves, com o mesmo destino. Só que de bicicleta. Vai de barra circular, da Monark.
Em julho e agosto muitos pedais em Salvador. Veja a programação em muraldebugarin.com
Nesta semana, serão postadas, no muraldebugarin.com, as fotos do Forró da Toca.
Não jogue livros no lixo. Faça doações.
Deixe seu carro em casa e vá de bike.
22.09, dia sem carro. Veja na internet o moviento DIA MUNDIAL SEM CARRO. Faça o seu.
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Editores: VALCI BARRETO, Advogado, estudante de jornalismo. Fones: 9999-9221 (Tim), 3384-3419 e 8760-7969 (Oi). Email: valcibarretoadv@yahoo.com.br. Colaboradores: Itana Mangieri, Alberto Bugarin e Sérgio Bezerra. Todos blogueiros, cicloativistas e amantes de livros, fotos e videos - Interesses do Blog: reportagens, artigos, com destaque especial para passeios de bicicletas, livros, cultura em geral, cicloativismo, cicloturismo e educação para o trânsito. Colaborações serão sempre bem vindas.
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