segunda-feira, 10 de novembro de 2008

VAMOS NOS EDUCAR, PELO MENOS NO SIMPLES.

Valci Barreto
Editor do bikebook.com.Br
Colaborador do muraldebugarin.com
Folha do recôncavo.
valcibarretoadv@yahoo.com.br


No programa do fantástico do dia 09.12.2008, o ator Ney Latorraca manifestou sua indignação com a falta de educação das pessoas até mesmo nos locais menos prováveis: agressões, ofensas a cobradores, vendedores, motoristas de ônibus, garçons ; Afirmou o ator que já presenciou gente esbofeteando aeremoça, dentro de avião, sem qualquer motivo

Em nossos sites e blogs, temos denunciado estes reprováveis comportamentos, especialmente em relação às nossas pedaladas que se manifestam rotineiramemente nas ruas. Somos permanentes vitimas dos motoristas de carro de um modo geral, notadamente de ônibus, táxis, carros utilitários e pessoas que incorporam toda a sua brutalidade ao dirigir.

A forma como um bom número de motoboys trafegam nas ruas é motivo de susto, perigo e denuncias constantes.

Em relação aos ciclistas, não podemos também dizer que damos bons exemplos. Ainda é maioria os que não tem o mínimo respeito quando estão pedalando. Agridem pedestres e até outros ciclistas, como se a pista por onde circulam fossem apenas deles. Além da forma perigosa como pedala, ainda usam buzinas agressoras em volume alto. Fazem piuretas, ziguezagues , sobem em passeios sem o mínimo de respeito pelos pedestres ou mesmo por outros ciclstas. Muitos fazem da ciclovia pista de corrida, pondo muita gente em perigo.

Os pedestres também não dão bom exemplo: além de outros comportamentos deselegantes, transitam nas ciclovias sem o mínimo de cuidado e atenção, até com eles próprios.

Um dos locais que freqüento algumas horas nos finais de semana é on Shopping Barra, um dos mais “seletivos” da Bahia. Mas quem quiser ver uma imagem do que é a educação de um bom número dos seus freqüentadores, é só ficar um pouquinho olhando as filas nos elevadores, notadamente nos do térreo.
As pessoas, simplesmente, formam uma, duas ,três filas, para dois elevadores, em uma atitude de verdadeira “tocaia”: mal abre uma das portas, correm todos ao mesmo tempo, muitos com vocação para “tratores”, querendo “passar por cima” de tudo e de todos”.

Percebe-se que cada um quer entrar primeiro, mesmo que outros estejam em sua frente, como se um mundo dali a instantes fosse se acabar, estivessem correndo da policia, de um bandido, incêndio ou terremoto.

Já vi cenas de pessoas quase se jogando em cima de crianças dentro dos seus carrinhos de bebe.

Estamos falando de uma classe social que não vem de periferia, tem estudos, são normalmente brancos, de sorte que não podem, sequer, referirem-se àquelas afirmações preconceituosas de que são “pretos, pobres, de periferia e analfabetos”.

Temos escrito em nossos sites , relacionados ao cicloativismo, sobre a questão da educação no transito. A preocupação do grande ator brasileiro, provocou-nos esta nova nota ,alimentando nosso desejo de continuarmos.


Jamais nos imaginamos perfeitos, donos da verdade, educadores do mundo; nem afirmamos que somos exemplos maiores de educação. Até mesmo porque, muitas vezes, temos que ser deselegantes para uma eventual defesa. Mas temos pregado, nos pedais, no sentido de uma educação cada vez maior na condução das bicicletas pelas ruas, notadamente em relação aos grupos organizados.

Combatemos o som alto em carros, bicicletas, postos de gasolina, restaurantes, barracas de praia, e assemelhados, onde as agressões aos ouvidos, de um modo geral, são maiores. Tentamos levar às pessoas mensagens simples de educação como não jogar lixo na rua , não gritar, não beber ao dirigir.

Muito temos conquistado em nosso meio.

Vamos ampliar nossas ações também para denunciar, como fez o Ney Latorroca, gestos grosseiros das pessoas que ocorrem em qualquer lugar até mesmo nos considerados “de elite”, como os elevadores do Shoppin Barra, só para citar um exemplo.

Noto que as ascensoristas daqueles elevadores são pessoas muito treinadas para agüentar o estresse dos clientes do Shopping. Vez em quando procuro ouvi-las a respeito de seus passageiros. Os seus depoimentos, lamentavelmente, não são muito favoráveis a muitos dos freqüentadores daquele espaço.

Não há explicação para tamanha desatenção, falta de respeito, educação em espaços como aquele: quase todos estão ali para uma diversão, um almoço, jantar, cinema, ou mesmo fazer compras . Não se vai ali como quem vai para um matadouro de gente, um trabalho sob sol ardente, um passeio em transito louco.

Há ong para tudo hoje. Mas não precisa de entidade nenhuma para que as pessoas escutem o seu coração, o dos outros, sintam, percebam os limites , os espaços , a voz, o corpo , dos seus semelhantes.

Os estressados, desrespeitadores, agressivos, devem fazer uma reflexão no seu dia a dia. Recomendamos sempre que façam um passeio, sozinho, em alto mar ou dentro de uma floresta, de preferência bem próximos a cobras, lagartos , vez que as onças já desapareceram. Os animais agridem, matam por instinto. Não usam fila, elevador, nem andam de carro, moto nem bicicleta. Se comerem e não se sentirem ameaçados , de um modo geral não atacam. De sorte que , com um pouquinho de cuidado, qualquer pessoa pode conviver alguns dias em uma floresta , no meio dos bichos, sem serem molestados. Se esta pessoa quiser agredir, furar fila, passar por cima dos outros, não vai ter qualquer chance. Terá que se contentar em pisar, chutar paus, pedras, cipós, espinhos. Terá, sem ser molestado por ninguém, a chance de bater a cabeça em árvores ou em pedras. Se matar alguma cobra e aparecer o Ibama ainda terá em seu favor ausência de prova de que o fizera por maldade. Se matar algum passarinho, tatu, foi para comer. Neste caso, não há crime.
Ou seja, não há perigo para a experiência.

Não tenho dúvida de que um estágio desse será muito mais útil do que cadeia , surra ou psiquiatra.

No mesmo programa de TV, um cantor de rock, ex usuário de cocaína, foi convidado pelo Presidente boliviano para testemunhar o mal, inclusive a guerra, real, que o usuário de droga alimenta. Perguntou o cantor , o motivo do convite, ao que respondeu o Presidente: “se eu falar, ninguém acredita”. Ouvindo você , muita mais gente vai acreditar.

Digo o mesmo aos leitores dos nossos sites: quem vai prestar atenção ao dito por um blogueiro vinculado aos passeios ciclísticos em Salvador? Muito pouca gente.

Agora, que o Ney falou, em um dos maiores programas de tv do Brasil, com certeza muito mais pessoas vão acreditar no que temos aqui pregado, junto a outros cicloativistas baianos.



Aquele depoimento deu-nos mais ânimo para continuar com nossas mensagens de cuidados, respeito, atenção conosco e com os nossos semelhantes.

Não precisamos de ong para isto. Mas se fizerem uma, não deberei integrar diretoria, mas vou estar ao lado, na mesma missão.

Queremos pedalar pelas ruas de Salvador, sem medo de ser agredido por veículos automotores. Não é possível que eles não entendam que as bicicletas têm o mesmo direito de circular nas mesmas pistas que eles ocupam. A rua não é, não será, nem poderá ser feita somente para os motoristas. Os impostos que as tornaram possíveis são pagos por todos nós, motoristas ou não.

O aqui escrito vale também para os jogos de futebol. Está na hora de acabar com tanta brutalidade, animalidade nos estádios. Há muito que não tenho o mínimo desejo de assistir a uma partida. Tão somente por conta das violências, dentro e fora dos praças esportivas.Nem recomendo a ninguém. Não quero correr risco de tomar um tiro somente por estar usando a camiseta do meu time ou esmagado por um carro ao termino de um jogo, por um torcedor animalizado, brutalizado, por motivos banais como o apito do juiz marcando um arremesso manual do meio do estádio.

É também agressor quem atende mal, desrespeitosamente um telefone qualquer, muito comum entre nós, também citado pelo ator.

Estamos falando de pessoas comuns. Não cuidamos aqui da marginalidade. Muitos destes, em verdade são pessoas doentes. Estou falando dos normais, comuns que frequentam locais como os shoppings, trabalham em repartições públicas, usam os serviços públicos, dirigem carros, motos, bicicletas ou andam a pé pelas ruas .

Espalhem gestos, palavras, ações de boa educação. Vamos melhorar o mundo, pelo menos no que é possível: respeitando, ao menos, uma fila de elevador.

-“Encaminha?” (atendente de regulação hospitalar, no último episodio da séria “Ó paí, Ó”, que simbolizou, com muito propriedade, o atendimento dos nossos serviços públicos, até mesmo dos que cuidam com a vida das pessoas.

Dá para melhorar , sim!! Sem ong, carimbo, lei, semáforo, nem soldado armado. Basta educação.

“Encaminha?”

publicado no bikebook.com.br e no
muraldebugarin.com
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