sexta-feira, 10 de abril de 2009

MOTORISTA INDIGNADO,SERÁ QUE ELE TEM RAZÃO?

Valci Barreto, advogado, cicloativista baiano,
editor do bikebook.com.br
muraldebugarin.com



=Se não há espaço para a bicicleta transitar nas mesmas pistas destinadas aos carros, que se tirem os carros das ruas. Esta é a soluçao=


No dia 10.04.2009,na edição impressa do Correio da Bahia, foi publicada a manifestação indignada do leitor, Luiz Andrade , vítima de engarrafamento de transito, tão comum nos nossos dias em qualquer grande centro urbano.

Todos julgamos e às vezes condenamos outras pessoas orgãos, governos. Assim fez leitor do correio. Vou, opinar e até julgar também o comportamento do mesmo leitor.

Vamos falar só de Salvador, que é o nosso caso: não há agente fiscalizador do transito que resolva o problema dos engarrafamentos em nossa Capital. Falo de orgãos como DETRAN, Policia Militar , fiscais de transito , Transalvador. Não me refiro aos orgãos construtores, administradores dos equipamentos de transito como ruas, avenidas, pistas asfaltica etc. Estes têm o dever de buscar as soluções permanentes, se não definitivas para a coletividade.

É comum, em nossa cultura cristã, ocidental, escolher um ou mais de um culpado por qualquer mal. Em relação ao transito,erros há que devem ser consertados.Não há um ou alguns culpados, exceto se nestes incluirmos também o senhor Luiz, proprietário de veiculo.

Facilmente eu diria que a culpa pelo engarrafamento é muito mais dosenhor Luiz, aqui representando milhares de outros motoristas do que dos agentes de transito.

Nós, cicloativistas, que enchegarmos nossas ruas por outro angulo, quando vemos uma nota desta, de justa indignação, não pensamos nos agentes de transito como responsávem maior pelos engarrafamentos.Pensamos , em bem maior como responsáveis maiores, os motoristas de carros.

Gostaria de chamar o senhor Luiz, bem assim milhares de pessoas que estão circulando em um veiculo de quatro rodas, para percorrer a distancia a qual ele se refere na nota, pedalando uma bicicleta; eles iriam descobrir, o que já sabemos, que não gastariam mais do que vinte, vinte e cinco minutos sem correr e sem bicicleta de marcha para vencer aquelas distâncias.

Alguns questionariam:

_Mas como andar de bicicleta em Salvador, com tantas ladeiras e sem ciclovia?

Nós , que andamos de bicicleta, diriamos: Salvador é plana para bicicleta. Voce pode pedalar de Práias do Flamengo até a Suburbana, passando pelo Mercado Modelo, sem subir uma ladeira sequer.

E as ciclovias?

Resposta também simples: Governo nenhum vai construir ciclovias em toda a cidade, cobrindo todas as ruas dos grandes centros.

A solução que nós oferecemos é simples: As ruas devem ter sempre espaços para carros e bicicletas. E devem ser as mesmas pistas usadas pelos carros, como autoriza a lei brasileira, no artigo 58 do CODIGO NACIONAL DE TRANSITO.

Mas como pedalar na rua sem ser atropelado.

Muito simples: respeito, educação aos espaços e às pessoas.

Sonhando, mas um sonho possível, todas as pistas que couberem um carro e sobrar dois metros, cabem bicicletas. Mas o motorista deve respeitar este espaço.

É possíVel? É.

Mas aí tem que mudar a mentalidade: as pequenas distancias tem que ser perecorridas de bicicleta, como regra geral. E ocupadas as ruas por bicicletas os motoristas terão maiores cuidados, após, óbvio, uma grande campanha educacional.

São milhares e milhares de carros que percorrem pequenas distancias: Pituba Iguatemi, Pituba Costa Azul, Pituba Jardim dos Namorados, Pituba Barra, Barra Comércio, Bonoco Iguatemi, transportando uma pessoa só, muitas vezes para ir buscar um remédio, um filho na escola, comprar um pão.

Todas estas pessoas, inclusive os filhos, poderim transitar de bicicleta.

O que está errado , não é a falta de fiscais. É a cultura exacerbada do carro. Familias pobres, não falo de miseráveis, com tres filhos , cada um tem ter um carro, que é utilizado para visitar o colega, ir à escola,comprar pão, ir a um cinema, comprar um tenis, às vezes em locais há meno de um mil metros de distância.Muitos destes trajetos poderiam ser feitos de bicicleta. Tudo isto se se mudasse de concepção de vida. Mas fala mais alto o egoismo e a cultura exacerbada do carro que funciona assim;" meu irmão ganhou um carro , eu tenho que ter o meu." O pai estimula: "fulano ganhou um carro, vou ter que dar um também para o outro." Não se aprende a compartilhar. Ao contrário, o estímulo é para o egoismo, a falta de responsabilidade com o social, com a própria economia failiar.

O caos no transito se implantou e não há mais saida se não se mudar a mentalidade, principalmente fazendo o uso constante de bicicletas como meio de transporte.

Ninguém é contra o carro. Mas tem que se criar alternativa para a bicicleta: onde houver duas pistas para carros, uma terá que ser para a bicicleta. Se houver tres, duas para carro, uma para bicicleta. Aqui é diferente: se houver duas ou dez , todas elas serão para os carros. E eles, achando pouco, ainda sobem nos passeios.

Não se tem que esperar ciclovias. Nem é preciso. O que é preciso é educação, respeito, consciencia de que as ruas não são so para o motorista de carro. A rua tem que ser usada por carros e bicicleta. A lei, os novos tempos, a busca por mais qualidade de vida e os cuidados com o aquecimento global, tudo está clamando em favor das bicicletas nas ruas.

Enquanto a mudança de politicas púbicas e de mentalidade não vier , o senhor Luiz e milhares e milhares de motoristas nos grandes centros vão ter que conviver com esta realidade, que será, sem qualquer dúvida, cada vez pior.

Há milhares de pessoas que saem sozinhas de carro pela manhã para o trabalho e deste só retornam no final do expediente,indo e voltando sozinhos sem nada transportar, senão um pão, ou pequenas compras. Todas estas pessoas poderiam fazer o trajeto de bicicleta. Muitas , inclusive, querem assim proceder.

Mas nem pensam que isto é possível, tamanha a dependencia do carro. Há fatos psicologicos, culturais, também limitadores , como a "vergonha" de andar de ônibus, a pé ou de bicicleta. Outros questionam que chegariam suados ao trabalho se fossem de bicicleta. Neste caso, não pode ser o suor culpado; porém, a falta de banheiros publicos ou nos locais de trabalho( uma toalha bem molhada, perfumada , é usada para este fim pelos orientais que usam bike como meio de transporte. Como temos água ainda sobrando no Brsil, todo mundo só quer tomar banho embaixo de chuveiros assemelhados a cachoeiras.


Tudo isto pode ser vencido por uma coisa uma mudança de habito, cultura, atitude.

Enquanto isto não acontecer, continuaremos com vergonha ou medo de andar de bicicleta. O mesmo medo e vergonha que nos inibe de comer uma banana ou uma jaca na rua e não sentirmos a mesma reação ao comermos uma maçã ou um sanduiche, quase que totalmente artificial; igualzinho a um carro.

Covidamos o senhor Luiz a participar dos nossos pedais. Certamente verá que não é um fiscal em cada metro da via pública que vai melhorar o transito.A mudança está em usar o carro somente quando não puder fazer o trajeto em trasnportes coletivos ou de bicileta.

Em vez de fiscais, guardas, soldados armados, começemos mudando nossa mentalidade, buscando a educação, o respeito, a civildiade e usando o carro para o que realmente for necessário. O resto já fazemos: pedalamos, mesmo neste transito louco. E, para distancias como as citadas, nos sentimos bem melhor em nossas magrelas do que dentro de um carro. E nem lembramos dos guardas, a não ser quando ameaçados de um assalto , que de um modo geral é bem menos pior do que a matança provocadas pelos irresponsáveis motoristas de carro.


Se não dá para ter bicicletas nas ruas junto aos carros, que se tirem os carros. E jamais haveria necessidade de tantos agentes de transito como quer o articulista do Correio da Bahia.

Veja o site abaixo. Tá melhor do que eu digo aqui:

http://marioav.blogspot.com/2009/04/ciclovia-nao-e-prioridade.html

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valci barreto,
editor do bikebook.com.br
muraldebugairin.com
veja videos, pesquisando nos mesmos sites, onde abordamos o tema.

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