segunda-feira, 31 de agosto de 2009

MAB, CAIXA CULTURAL SALVADOR,JABUTIS IMPROVISADO



JABUTI IMPROVISADO E SOLITÁRIO, de 30.08.2009.

Na Caixa Cultural:
Primeira foto, de cima para baixo: sentada, Mayana; em pé, Lucimari, exibindo o DIA CINCO.

Na segunda foto, platéia ouve historias na Caixa Cultural.


Valci Barreto
Bikebook.com.br
Muraldebugarin.com
Folha do Recôncavo.


Ontem, sábado, olhava a bicicleta o dia todo. Meia chorona, pedia-me ela para dar uma volta. Ao meu lado, chatinhos, papéis para trabalho; em minha frente, fechadinho, um Grahan Greene me assediando para uma leitura. Fiquei com os dois últimos , por todo o sábado. Feitos os trabalhos, que nunca terminam, corri para a leitura “Reflexões”, daquele autor, e não parei mais. Era mais uma leitura que fazia daquele livro.Diz-se que o segundo prato de um almoço jamais tem o sabor do primeiro. Na leitura é diferente. A segunda , terceira têm sempre novos temperos, às vezes até melhores do que os anteriores. Foi esta a sensação que tive. Terminei emendando para o dia de hoje, domingo, 30.08.2009. Porém, chegando às 16 horas, depois de uma chuvinha, fraca mais teimosa, resolvi fazer um agrado à "minha sequinha", e, egoisticamente, bem mais a mim. Isto porque há dias estava com muita vontade de fazer uma visita ao Museu de Arte da Bahia, para ver a exposição sobre os Cem Anos da passagem de Euclides da Cunha por Salvador, na época da Guerra de Canudos. Segui pela Centenário, desci em direção à Contorno, subindo o viaduto de acesso ao Campo Grande, dei uma volta neste e segui para Corredor da Vitória. Mesmo sendo dia de domingo, estava lá a diretora Silva Athayde , demonstrando seu apego, amor à nossa história, à nossa cultura, ao Museu de Arte da Bahia, de quem mereci a gentileza de uma longa conversa sobre Euclides, Museus da Bahia, relatando Silvia o sacrifício que tem feito para realizar exposições como esta, que é limitada aos dias e aos escritos do autor de Os Sertões, a respeito da visões, impressões, que teve da nossa capital, quando por aqui passou , em direção a Canudos, como repórter da Folha de São Paulo, para cobrir aquele tragédia. Na exposição há fotos, desenhos, imagens da Bahia e de personagem daqueleles tempos; e parte dos escritos reveladores do grande encantamento que teve o escritor diante da beleza da nossa cidade e da nossa gente de então. São escritos emocionantes.

Após a visita, tive a oportunidade de bater um longo papo com a abnegada Silvia, que, mesmo em um de domingo, sem qualquer obrigação funcional, ali estava para prestar apoio aos servidores e informações aos visitantes, reféns da falta de conhecimento de alguns funcionários, que para ali estão sendo encaminhados pelo Estado, sem treinamento para este tipo de atividade e rotineiramente substituídos em função dos precários contratos , via REDA.

Tomei ,assim, conhecimento de uma série de dificuldades, merecedora de uma ampla reportagem pela imprensa baiana que possa chamar a atenção do governo, empresas, para fazerem algo por um patrimônio cultural tão importante para nosso Estado. Preocupante ainda testemunhar que há vários meses encontra-se impossibilitada a visita ao acervo permanente do Museu, por conta de prometidas e demoradas reformas no espaço .

Após esta conversa, despedi-me de Silvia e segui para a Ruas Carlos Gomes, para visitar as várias exposições instaladas na CAIXA CULTURAL, entre elas ,“ANNA BELLA GEIGER, Além da Fotografia” ; e o "I Encontro Internacional CAIXA de Contadores de Histórias". Assisti alguns contadores , até parar uma chuva que, de onde estávamos, por conta dos toldos , produzia um som que nos fazia sentir em pleno diluvio ou furacão, embora sem nenhum prejuízo para escutar as estórias, por conta do exclente equipamento de som utilizado pelos atores/contadores de estórias. Após tomar um suco, café, comer biscoitos, servidos no intervalo, aproveitei a estiagem para voltar para casa. Peguei a Carlos Gomes, desci a Ladeira da Barra contemplando o belo espetáculo formado pelas luzes de Mar Grande, (sou apaixonado por aquelas luzes!), e pela melancolia do ancoradouro das lanchas do Iate Clube, naquele momento de inicio de noite chuvosa .Vieram depois o Porto da Barra com um mar meio zangado ,mas que em mim produzia um lindo som , como a pedir uma gravação de um dvd ou participação em alguma orquestra. Passei em frente ao Habeas Corpos, com um tristonho e solitário violão abraçado por uma cadeira de plastico branca , vazia, ali abandonado pelos seu musico , clientes,frio e chuva que, por menor que seja, tira baiano de qualquer lugar descoberto...

Segui passando pelo BEIJU DOS ARTISTAS, com seu bem produzido carrinho , quase em frente à Perini, com gente comendo e suas luzes dando uma certa alegria à rua, tristonha naquele momento por conta do tempo chuvoso.

Finalmente cheguei em casa, onde me aguarda uma edição novinha de “GRANDES SERTÃO: Veredas”, comprado por 20 reis, em promoção da Saraiva, cuja leitura iniciarei ainda hoje, conforme pede o frescor desta noite, que aguarda a aparição do cantor Belchior, conforme anunciada agora pelo Fantástico.

Minha vontade é de continuar escrevendo. Mas vou parar , para mandar as fotos deste jabuti solitário para o Buga.

Antes, porém, não posso deixar de dizer para vocês: dá para fazer, sozinho um passeio deste, conhecer um pouco da nossa história, ouvir estórias, conhecer pessoas, como as simpáticas Lucimari e Mayana, facilitadoras da Caixa Cultural, sem trio elétrico, carro de som, bicicletas caras , camisetas padronizadas, mesmo sozinho, caso não se consiga , naquele momento, juntar mais amigos para o passeio.

Vá de bike aos nossos museus, praças, restaurantes, e tantos locais escondidos pela pressa e exagero do uso do carro.

Quem é do interior, não pode perder a exposição , no Tempostal, Pelourinho, ‘LITORAL E SERTÃO”, onde , é quase certo, estarão postais de sua terra natal quando era ela apenas uma ou algumas ruazinhas , com bem pouca gente, quase nenhum carro e nenhum crime. Em postais assim, está lá a minha Toquinha. (Toca da Onça, Jaguaquara).

Valci Barreto, 30.08.2009.

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Nota do bikebook.sobre a exposição de Euclides da Cunha: Enquanto aguardava as tropas que vinham em navio,de São Paulo, para o combate em Canudos, Euclides da Cunha, que veio para cobrir a guerra para a Folha de São Paulo, fez visitas a locais como Gamboa, Forte de São Pedro, Igreja de São Bento, caminhadas pelas nossas ruas e becos. Encantado com a nossa beleza, fez escritos emocionantes que estão em cartas, escritos, muitos deles publicados no livro “Os Sertões e Outros Escritos”, cujo autor não me lembro, publicado pela Editora do Senado, que há muito alguém me levou como empréstimo vitalício. Procure nos sebos e leia,se você gostar da Bahia antiga ,ter curiosidade de saber como era bela a nossa terra antes de todas estas mazelas que estão ai: cimento; violência; sujeira; acidentes e barulho no transito, e medo de andar a pé.

Os programas que assisti são gratuitos e tem lugar para guardar bicicleta.

Perdoem-me: não deu para avisar, nem mesmo aos jabutis de carteirinha. É que “deu na telha “ e me mandei. E duvido muito que algum jabuti teria coragem de enfrentar a chuvinha que muitos chamam, por aqui, de temporal...

Cometi o pecado de não chamar. Mas qual de nós não comete estes "pecadinhos?" Também sabia que, até o pessoa se arrumar, arrumar as bikes poderia não dar tempo de chagar no horario aos eventos que, alguns deles, continuam à disposição de todos.
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Vejam as fotos no muraldebugarin.com. Já mandei para o BUGA.

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