segunda-feira, 2 de novembro de 2009

FILOSOFIA DO CELULAR



No ano de 2005, o filósofo italiano Maurizio Ferraris, professor da Universidade
de Turim, publicou “Onde você está ? Ontologia do celular”, um livro
inspirado no pensamento filosófico de Derrida. Nele faz uma sugestiva
reflexão sobre o que representa o telefone celular na vida do homem
contemporâneo, de como este aparelho, pouco a pouco e, o mais curioso, sem
que percebêssemos, foi sendo introduzido em nosso cotidiano e – como
acontece com as grandes revoluções silenciosas, que ninguém jamais previu.
Neste sentido, é um fenômeno tecnológico e cultural, que começou a
despertar o interesse entre os filósofos. Mas, se o conhecimento teórico não
surge de uma simples curiosidade intelectual, e sim de circunstâncias e
acontecimentos muito mais práticos, então, centrar a atenção neste aparelho
significa, também, observar e pensar o que fazem as pessoas com ele e
vice-versa. O que está produzindo profundas mutações antropológicas no
nosso modo de ser no mundo, isto é, de sentir, pensar e agir, tanto que
estaríamos diante do que poderíamos denominar o “Homo Cellularis”.

Neste trecho do livro o autor relata que o celular é cada vez menos usado
para falar e mais para escrever, exacerbando sua oralidade.
Quando esta situação começou não imaginava-se que ocorreria um modo de
expressão como as que acontecem hoje como por exemplo as mensagens
íntimas, como as cartas de amor escritas agora com o celular onde as pessoas
estão sempre trocando mensagens, pois é um modo de superar a timidez e a
covardia, já que escrever é mais fácil que falar.
É um sentido menos determinado, que permite alusões.
É possível também fazer inúmeras outras coisas com um celular.
E estes não são fatos de comunicação unicamente, mas de puro registro.
As operadoras de celulares, é claro, estão muito contentes com tudo isso, pois
os torpedos e os MSNs custam ao usuário muito menos que uma ligação e movimentam o comércio virtual.
Todas essas possibilidades também explicam por que são os obcecados os
que mais utilizam esta ferramenta de modo desenfreado.
Alguns escrevem – casos patológicos – de até 500 ou 600 mensagens diárias e
experimentam obsessões, como as de trocar suas insanidades mentais ou
coisas deste tipo como uma forma de perseguição, que custa muito pouco, e
que pressiona o outro a respondê-las imediata e/ou obrigatoriamente. Este é o
motivo e a preocupação da sociedade para que as operadoras instruam e
sensibilizem os usuários de celulares sobre os riscos e possibilidades de uma
mensagem e/ou registro mal intencionado.

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