sexta-feira, 4 de junho de 2010

Gladiadores X Futebol X Copa




(Texto: Itana Mangieri)

Nossos ancestrais se reuniam para momentos de diversão em arenas lotadas para assistirem, até a morte, as disputas dos gladiadores como fato normal. Esses eventos foram tão difundidos quanto a estrutura dos locais, moldados a um anfiteatro com palco e os assentos divididos de acordo com a classe da população e os imperadores eram quem decidiam quais os lutadores, desde os gladiadores supliciados pelo povo, como simples bárbaros, plebeus, prisioneiros de guerra, bandidos, marginais, escravos e cristãos para compor o espetáculo.
Os gladiadores ignoravam a dor para tornarem-se objetos de honra ou vergonha durante um combate glorioso com morte digna. Esse conceito de honra era um espelho de realização da sociedade mesmo considerando tal violência, absurda !
Nos dias de hoje podemos perceber que, com o futebol, esse tipo de evento manteve-se, porém com algumas alterações. As arenas mudaram de nome. Para Estádios, mas a estrutura ainda é semelhante.
A mudança mais gritante delas é que o espetáculo estendeu-se para as arquibancadas e fora delas onde os torcedores também fazem parte do show: disputando-se !
Os jogadores continuam em campo, escolhidos pelos “imperadores/patrocinadores” jogando um futebol, muitas vezes, decorado e a platéia/torcida apresenta-se com coreografias ensaiadas e uniformizadas, bandeiras, gritos, hinos, bombas caseiras, armas de fogo, xingamentos, depredamentos nas arquibancadas, na entrada dos estádios, em veículos de utilidade pública, consumindo assim, depois de uma guerra urbana geral, os leitos de hospitais públicos e delegacias destinadas a averiguar ocorrências outros tipos de segurança.
Como a Copa é um espetáculo mundial, poderemos testemunhar, como em Copas anteriores, disputa de torcidas internacionais.
A tão esperada e “secreta” divulgação da convocação deixou bem claro como o sistema se mantém: Um dia após a divulgação dos convocados da seleção Brasileira iniciou-se a veiculação das novas peças publicitárias dos patrocinadores encenadas pelos, até então, secretos convocados. Ou seja, quem ainda decide quem participa do espetáculo são os imperadores/patrocinadores. Alguns jogadores aclamados pelo povo, que ficaram de fora da lista, tiveram justificativas até que coerentes sobre comportamento social e comprometimento com o esporte, mas a realidade é que esse comportamento social denigre o produto do patrocinador que não deseja vincular sua imagem à recordações pessoais do ator/jogador.
E a torcida continuará participando do espetáculo em arquibancadas que se dividem de acordo com sua classe social, realizando um show a parte dentro e fora das arenas/estádios e consumindo todos os produtos exibidos e usados pelos jogadores.
E ainda tem ex-gladiador/jogador que prometeu, se ganhar a Copa, desfilar nu em praça pública. Decididamente, este não luta pela honra !
E que venha a Copa da África ! Sem brigas, sem mortes e com a honra do espírito esportivo !

MATÉRIA PUBLICADA TAMBÉM EM:
http://www.folhadoreconcavo.com.br/ultimas_noticias.php?codnoticia=1103

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