quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

MAIORIDADE PARA DIRIGIR



(Texto: Itana Mangieri)

Todo mundo quer ter um carro ! Mesmo antes de aprender a dirigir.
A população de veículos cresce e entope ruas e avenidas e o trânsito está a cada dia mais febril, irritado, negligente e mais violento.
Uma pequena porcentagem da população sabe que bebida e direção não combinam, mas a maioria dos motoristas gosta dessa mistura explosiva.
Uma das matérias-primas da mídia são os acidentes de trânsito: ferro retorcido X vidas perdidas. Isso dá ibope: A curiosidade sangrenta.
Campanhas educativas de segurança no trânsito são divulgadas sem resultados e as estatísticas provam que os jovem se “encantam” com bebidas alcoólicas cada vez mais cedo.
Mas a mídia, que ora mostra os resultados trágicos, ora também incentiva o consumo inconsciente e distorce o conceito/lógica de locomoção automotiva.
E isso é fácil verificar através da necessidade social de status com carros de luxo, como se eles lhe dessem um poder sobrenatural e de admiração. Dessa forma, muitos motoristas interpretam que, por dirigirem um modelo de luxo nacional ou importado, possuem prioridades no trânsito, que manobras radicais e perigosas são permitidas, que as leis de trânsito por eles não precisam ser respeitadas e que a vida de pedestres não tem importância por não se locomoverem sobre rodas e carcaças com design luxuosos.
Se com um carro popular 1.0 ou 1.4 muitos não assimilam regras de segurança e trânsito, quando conquistam o privilégio de dirigir qualquer modelo com motor 1.6 ou 1.8 ou 2.0 sentem-se superiores (pilotos aéreos).
E pra comemorar, brindam antes, durante e depois de misturar direção e bebida alcoólica.
Outro fato fácil de se verificar é a idéia de que é a bebida que diverte. As propagandas induzem a isso. Não importa a companhia numa festa, num bom papo de boteco, na reunião de amigos, no almoço de domingo, etc.
Em fotos das redes de relacionamentos da internet o que mais se vê são imagens de pessoas exibindo latas de cervejas como troféus da alegria.
Agora é verão e as festas e ensaios carnavalescos aumentam o consumo de bebidas alcoólicas e a campanha de "Se beber não dirija. Vá de taxi" se intensifica.
E quem nos garante que, com essa "suposta isenção", alguns profissionais do trânsito também não bebam e dirijam ? Em blitz, esses motoristas são analisados quando transitam com seus clientes ?
É só uma hipótese que pode ser analisada !
E por falar em “blitz” essas tornaram sazonais em alguns feriados prolongados e de uns
tempos para cá, raramente semestrais.
Há também alguns aprendizes de seres humanos que causam acidentes de trânsito com
gestos simples como jogar latas de alumínio pela janela do carro, cigarros, garrafas, sacos plásticos ou até o(a) carona ao lado. Itens descartáveis que combinam com o asfalto !
Outros são os suicidas que se revoltam com algum fato desagradável e desabafam no volante, em alta velocidade e desgovernados.
Como se isso resolvesse !!!... Pena que os acidentes causados por este estereótipo não lesa somente a ele(a). Infelizmente lesa e/ou leva consigo outras vidas.
Campanhas educativas podiam combater a vaidade: que carrões não dão poderes e que bebida alcoólica não é diversão.
Mas neste país ainda falta investimentos educacionais básicos !
Para sossegar os anseios do povo, dá-lhes diversão (bebida) e cria-se necessidades de status (carrões).

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