Valci Barreto
Editor do bikebook.com.br
publicado no bikebook.com.br e no
muraldebugarin.com
O Bar Raso da Catarina, situado nos fundos do SINDICATO DOS ENGENHIROS AGRONOMOS DA BAHIA, Campo Grande, sempre foi abrigo de intelectuais, boêmios, jornalistas, militantes da esquerda poética ,ou da quase esquerda, recebendo, em época de campanha políticas, muitos candidatos “progressistas”. Era a “séde” dos Poetas da Praça, entre eles um dos seus líderes, Antonio Short, já falecido; Os irmãos ,advogados Samapaio, (falecido), e Osvaldo Barreto; o professor de História, Sergio Guerra, tinha cadeira cativa, fazendo ecoar sua alegria e bom humor por todo o espaço, enquanto Jeová de Carvalho com seu vozeirão levava beijos aos pescoços dos seus mais queridos, ao som de cânticos e violões como do poeta/jornalista Rui Espinheira Filho. Dos novos de então, marcavam presença Melquiades,(advogado Petrobras), Paulo Barbosa,(Juiz Criminal ), Carlos Pereira(advogado em Ilheus).
O garçom Valério era outra alegria da casa.
A origem da sua vocação, do espírito do lugar, decorria de circunstancia de uma época e do seu comandante, também poeta, contador e escutador de estórias do sertão, Franco Barreto.
Despejado Franco pelo Sindicato, proprietário do espaço físico, os seus freqüentadores saíram em defesa do Raso da Catarina, com todo tipo de manifesto, artigos,notas e cronicas publicadas nos jornais de Salvador, inclusive assinadas por jornalistas consagrados como Reinivaldo Brito; Até passeata denominada "movimento dos sem bar" ocorreu pelas ruas do centro da capital baiana.
O despejo foi mantido, Franco foi afastado, seguindo-o seus fiéis e solidários companheiros de copo, poesias e estórias. Mas o bar permaneceu no mesmo local, com as mesmas iguarias e denominação mas "sob nova direção." Com a saída do Franco, o Raso da Catarina jamais voltou a ser o mesmo. Segundo alguns poetas malditos, até o gosto do wisky, mesmo de marca, garrafa e ano iguais, tinha mudado de sabor.
Ontem encontrei o Franco Barreto na fila de autógrafos do cd e livro do cantador Elomar e dele ouvi uma notícia que alegrará os poetas saudositas do antigo RASO DA CATARINA:
“Já aluguei a casa, que já está reformada e prontinha para receber, creio eu já na próxima semana, os antigos e novos desejados habitantes.
Emocionado, concluiu: “Estou pagando a promessa que fiz de não morrer sem antes ter o “meu buteco” para poetar com os amigos.”
Está aí a notícia que alegrará os que adoram “bar ruim”; que, segundo crônica de Antonio Prata, tem mesa de lata, copo americano, carne do sol com macacheira , ainda não saiu na vejinha e é adorado pelos meio intelectual , meio esquerda . Não podia haver um local mais apropriado para receber a anunciação do Franco: fila de autógrafo do cantador Elomar, no Teatro Castro Alves, próximo a várias frequentadores e saudosistas do Raso da Catarina que ali estavam, como os professores, prosadores, poetas Camacã, os irmãos, Jurandir e Juracy Souza, ambos de Amargosa, Fabio Paes; e ao lado de minhas filhas e genro Henrique, que formam a nova geração dos adoradores de “bar ruim”.
Ontem, após os autógrafos do cantador Elomar, como programado por nós, fomos ao Raso da Catarina para comermos a farofa d água, caldo verde, alcatra e cebola assada. Tudo continua igual, em relação às iguarias. Mas a alegria, pelo menos para mim, não é a mesma. Passaremos para o novo bar do Franco Barreto. Não irei esperando que tudo seja como antes. Porém, sendo de Franco, virá com poesias, estórias e cantorias, que jamais terão idade, temperado pelas novas gerações dos meio inteclectuais, meio esquerdada, admiradores de “bar ruim”.
-publicado no bikebook.com.br e no
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A crônica de Antonio Prata, “Bar Ruim é Lindo, Bicho"está publicada no muraldebugarin.com e no
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