quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

SEBASTIÃO NERY TEM COMENTÁRIO DE JOACI GÓES

Valci Barreto,
editor do bikebook.com.br
colaborador do www.folhadoreconcavo.com.br



Igualmente a muitas outros admiradores do escritor, jornalista e político , Sebastião Nery, que acorreram ao lançamento do seu livro A NUVEM, no Museu da Misericódia, não pude adquiri-lo naquele dia porque simplesmente todos os volumes já haviam-se esgotado. Marecelo Nery , meu amigo, primo do escritor, prometeu-me uma edição em um momento posterior que acontecerá em breve. Por isto ainda não matei a minha curiosidade de deitar meus olhos sobre suas páginas. A propósito da grande obra do jornalista baiano, meu conterraneo de Jaguaquara, escreveu Joaci Góes na Tribuna da Bahia do dia 14.01.2009, que aqui reproduzimentos na íntegra:

Segue o comentário de Joaci:
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Joaci Góes

Saio da leitura do livro de memórias de Sebastião Nery enriquecido com a multiplicidade das experiências e das vidas que aborda, do Brasil e do mundo, a partir do fim da Segunda Grande Guerra.

Sem qualquer dúvida, A NUVEM, o que ficou do que passou – 50 anos de História do Brasil, é uma obra notável sob vários aspectos, permeados todos eles por superior qualidade literária que faz de sua leitura insuspeitada fonte de prazer.

Essa é a conclusão a que inelutavelmente chegará quem superar a resistência inicial de percorrer as seiscentas sólidas páginas que compõem o alentado e belo volume. Eu mesmo me senti de tal modo envolvido pela fascinante narrativa de Nery que conclui em seis dias uma leitura inicialmente programada para consumir um mês. Mais ainda: cheguei à última página com aquela sensação de “quero mais” que só as grandes obras são capazes de despertar no leitor.

Trata-se, de fato, do magnum opus de um autor que chega ao apogeu do seu processo criativo já consagrado pela produção de dezesseis best-sellers que continuam a encantar o País em sucessivas reedições, ao longo dos últimos quarenta e sete anos, tendo a política e a vida das pessoas e do povo brasileiro como temas centrais. Dentre outras, Nery possui a marcante singularidade de escrever, apenas, sobre experiências que testemunhou ou viveu. É por isso que o livro tem ritmo de novela.

A NUVEM, o que ficou do que passou, é, ao mesmo tempo, a história do Brasil e do mundo, e dos seus principais protagonistas, em múltiplas dimensões – política, econômica, artística e social, na segunda metade do século passado, e a autobiografia rocambolesca do autor, Sebastião Nery, tudo isso compondo um caleidoscópio que se funde num todo homogêneo para formar um clássico do gênero, destinado a figurar como objeto de estudos acadêmicos e fonte inesgotável de ensinamentos de um jornalismo que só é possível quando se associam talento, coragem física e moral, erudição e espírito público. Não é à-toa nem é de agora; vem de muito longe o reconhecimento de Nery como um dos maiores jornalistas de todos os tempos.

Não sei de outro brasileiro que tenha vivido de modo tão intenso, imprevisível e emocionante quanto a vida que Nery nos conta nesta obra ciclópica que instrui e diverte. Recorde-se, a título de ilustração, que este baiano nascido em Jaguaquara é a única pessoa que realizou a façanha de se eleger para postos legislativos por três estados da Federação: vereador por Minas, Belo Horizonte; deputado estadual pela Bahia e deputado federal pelo Rio de Janeiro.

Também não sei se por faro jornalístico ou simples capricho do destino, impressiona o número de personalidades que Nery conheceu, dentro e fora do Brasil, em fases muito anteriores àquelas em que despontariam como líderes dos seus povos, a exemplo do futuro Papa João Paulo II, então Karol Josef Wojtyla, Bispo de Cracóvia, e do estudante Mikhail Sergeievich Gorbachev, futuro líder da União Soviética. Coincidentemente, os dois no mesmo congresso estudantil na Polônia.

Entre os vários episódios marcados por um humor estridente, desponta a crise de angústia histérica que Jânio Quadros exibiu ao tomar conhecimento, na presença de Nery e de outras testemunhas, da morte de sua amada cadela Muriçoca.

Recomendo a leitura deste grande livro como meio seguro de aumentar o gosto pela vida. Até porque o amor é o valor mais exaltado, entre todos os temas que integram seu exuberante conteúdo.

Se dúvidas sobre isso pudesse haver, o autor as elidiria ao dedicar todo um capítulo, o 38, para resumir a resposta à pergunta do subtítulo: o amor é o que ficou do que passou.

A vida do hiperativo Sebastião Nery prova o valor de sua crença de que como compensação aos perigos de caminhar à frente, é sob os pés dos vanguardeiros que as borboletas levantam voo.
Publicada: 14/01/2010 Atualizada: 14/01/2010"

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