terça-feira, 21 de junho de 2011

ESTRADAS RUAS E MOTORISTAS DA MORTE



Valci Barreto
Advogado, cicloativista baiano


Morrem mais pessoas em nosso transito do que em muitas guerras declaradas pelo planeta.

A situação do nosso povo ao volante é coisa para intervenção internacional de órgãos que brincam de proteger direitos humanos; florestas e animais, mesmo convivendo com algumas que realmente fazem algo em favor da vida de gente e de animais.

Há guerras menores em nosso planeta em que organismos internacionais intervêm sob o fundamento de proteção aos direitos humanos, a direitos de civis. Sabe-se que estas intervenções dizem mais respeito à economia do que à proteção de vidas. Porém, mesmo quando a motivação não é a declarada, a coisa funciona para libertar países de ditaduras que se eternizam.

No nosso caso, já que o governo,  os órgãos de transito do nosso pais, por mais boa vontade que tenham, não estão  coibindo os abusos no trânsito, está na hora de chamar a ONU para intervir. Vez em quando o Brasil se preocupa com declarações de que a soberania dos países não abarcam patrimônio da humanidade como florestas e rios. A preocupação dos nossos governos é com a soberania sobre o Amazonas , que todos os países andam de olho, visando a sua “proteção”.

É preciso um tratamento de choque, bem mais aguerrido do que o que se faz com a chamada guerra contra o tráfico; em favor de rios, bichos e florestas.

Não é possível que todos os dias os jornais estampem mortes provocadas pela estupidez, falta de educação, falta de respeito dos nossos motoristas aos limites do carro e da pessoa que o dirige.

As pessoas que estão acionando o  Ministério Público para proteger animais, como os jumentos na Festa do Bonfim; os cidadãos contra a brutalidade das espadas em Cruz das Almas; o xixi na rua em Jaguaquara; sapos cachorros e toda espécie de animais, precisam ir para as ruas para proteger cidadãos, motoristas ou não, que estão matando, morrendo em nosso transito.

Uma câmera acionada por alguns minutos na Paralela; na Avenida Centenário; no Dique do Tororó; no Bonocô, somente para citar lugares que passamos quase todos os dias em nossa Capital, flagrará  a brutalidade dos nossos motoristas no transito. Depois que atropelam, matam, dilaceram vidas , fazem órfãos; muitos deles embriagados, falando ao celular, fumando enquanto dirigem, vão para a delegacia e são de imediato liberados para cometer mais atrocidades.

Não há porque culpar Policia, Justiça, Ministério Público. A responsabilidade é destes animais que não atendem a regras, que sabem os perigos que o carro oferece e ainda assim dirigem como verdadeiros animais sem o mínimo de respeito pela vida das pessoas.

É doloroso ver estampadas na mídia as tragédias cometidas por motoristas, verdadeiros assassinos ao volante que, depois de cometerem  as barbaridades ,alegam defeito do carro; ultrapassagem por outros veículos; buracos na pista; descontrole do carro, desculpas esfarrapadas que são aceitas pelo nosso sistema de moral corroída pelo descaso com a vida.

A Tribuna da Bahia de hoje, 21 de junho, noticia a morte de uma médica de apenas 35 anos. Não nos cabe apurar quem foi o responsável pela tragédia. É papel da polícia e da Justiça fazê-lo. Mas uma ou mais pessoas foi responsável . E se foi um dos que continua vivo, certamente permanecerá  com sua carteira intacta para repetir o erro e  matar mais gente. Há um vídeo recente de um mineiro que já foi preso várias vezes , com vídeos gravados dos seus abusos, inclusive com desrespeito aos policiais que o abordaram  e, pelo que mostra  um dos  vídeo, nem pontos da carteira foram retirados.

Na Semana Santa de 2011, a Bahia, com estradas  bem conservadas ,ou pelo menos em boas condições, segundo as noticias que temos recebido , boa visibilidade,  o que não acontece em regiões serranas como São Paulo, Minas,  Sul em geral, ainda assim nosso foi o que apresentou o maior número de acidentes de veículos em todo o Brasil. Segundo noticiaram  jornais locais, o fato chamou a atenção de organismos da ONU.

Está na hora das pessoas de bem fazerem algo contra estes monstros que fazem dos seus veículos arma de matar.

Existem os acidentes , as situações excepcionais que não justificam a criminalização do motorista. Mas não há dúvida de que, e todos  os estudos demonstram, a grande maioria dos acidentes  estão relacionados a irresponsabilidades de motoristas ao volante e não às deficiências de estradas ou dos veículos.

Onde ocorreu o acidente que vitimou a jovem médica, tem tudo a ver com o que ali todos os dias acontece: a brutalidade como dirigem muitos dos nossos motoristas.

Algo tem que ser feito. E que seja logo.

E, já que nada acontece que sensibilize povo e governo em relação a estas tragédias,  está na hora das pessoas de bem, responsáveis ao conduzir os seus veículos, levarem ao mundo a mensagem de que: o Brasil, mata mais gente no transito do que muitos países em guerra.



Por mais nacionalistas que sejamos, não podemos deixar de acionar organismos internacionais para intervir na soberania do nosso pais, pelo menos nas questões de mortes causadas pelos nossos motoristas. Talvez assim os nossos governantes, do mesmo jeito que têm se preocupado com a soberania sobre nossos rios e florestas, preocupem-se com a matança de gente por estes assassinos do transito que transformam nossas ruas , avenidas e estradas em campos de guerra.

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