domingo, 28 de agosto de 2011

EU SOU ADVOGADO...






Valci Barreto, advogado ,
cicloativista baiano .



Em um cruzamento da Sabino Silva, em Ondina, a frase do titulo deste texto foi pronunciada  com elevada dose de arrogância por alguém que tentava, com  o seu veículo,  forçar a passagem entre ciclistas que, usando o direito de circular nas mesmas pistas do carro, também faziam manifestações pacificas em favor do respeito a quem circula em bicicleta e por melhorias das condições de mobilidade urbana.

O advogado que a pronunciou ,  certamente ignora, ou não queira obedecer , o código nacional de transito que diz:

-O ciclista tem o direito de circular nas mesmas pistas destinadas aos carros.

-Nas  vias publicas, na relação entre carro e bicicleta, a lei assegura o direito de preferência para a bicicleta e não para o carro.


O motorista de veiculo, ao ter  uma bicicleta em sua frente, não tem o direito de forçar ultrapassagem. Ao contrario, tem o dever, legal,  de respeitar a velocidade da bicicleta e aguardar o momento seguro para a ultrapassagem , guardando uma distancia mínima de um metro e meio entre seu carro e a bicicleta.


Isto é o que diz a lei, a  qual estão sujeitas todas as pessoas. Da  falta de educação não falaremos aqui.


No momento em que o fato ora narrado aconteceu, estavam pessoas das mais variadas profissões, inclusive advogados, todos ali exercendo o  legitimo direito de  reivindicação de melhorias para a mobilidade urbana de Salvador   e conclamando os motoristas a  respeitarem a vida de quem anda em bicicleta.

Ser advogado não lhe permite a arrogância, o uso do "eu sou advogado " como senha permissiva do descumprimento da lei e da falta de respeito às pessoas.


Ao contrario, pertencer aos quadros da OAB, impõe aos seus membros  o dever maior de vigilância no cumprimento da lei, especialmente no caso do  EU SOU ADVOGADO, que pertence ao  Conselho da OAB baiana.

A classe de advogados, a qual pertenço com todo orgulho,  por principio, por lei, por questões morais , éticas e históricas, sempre apoiaram atos contra a discriminação e preconceitos de qualquer ordem , especialmente de raça, credo, condições econômicas .

Muito lutou e luta em favor das liberdades civis as quais levaram o primeiro negro a ocupar  a Presidência da mais poderosa nação do planeta, orgulhando brancos, amarelos, negros, por se tratar de uma efetiva vitória da luta contra os preconceitos raciais. 

Assim,  a arrogância do “eu sou advogado” deve  ceder espaço para a mensagem :

-contem comigo, se precisarem  de algum advogado, para informá-los  dos seus direitos e deveres enquanto ciclistas. Ou, simplesmente, como manda a lei, aguardar a passagem dos ciclistas e  seguir seu caminho.

Isto é o que deve ser feito, dentro da lei ,dos princípios éticos, morais e  de civilidade, ao ser pronunciada aquela frase. Deve ela representar o orgulho da  profissão e não a pratica da  ira , comum entre os mal educados motoristas de nosso pais, responsáveis por uma das mais vergonhosas estatística que possuímos , qual seja a de um dos paises que mais mutila, agride e mata no transito.

Não sei se interessa ao advogado agressor saber que, naquele exato momento e local, circulando em bicicletas, estavam advogados e outros nobres profissionais jornalistas,  Designer, Professores Universitários, empresários, servidores públicos,  radialistas, porteiros, seguranças, estudantes, para quem o "EU SOU ADVOGADO" no tom pronunciado, não possui outra mensagem senão a da arrogância e falta de respeito ao próximo.  Respeito nenhum se poderia ter pela  repudiante atitude. Receio de uma agressão maior, certamente que sim, pois  todos que ali  estavam sabem que uma das maiores e brutais perversidades já cometidas no mundo contra ciclistas foi perpetrada em Porto Alegre,  exatamente por um ADVOGADO  que ficou conhecido como o ATROPELADOR DE PORTO ALEGRE..


Não houvessem as ponderações, a civilizada, mais firme defesa dos cicloativistas  baianos naquele momento, poderia a imprensa mundial hoje estar se referindo ao  


"ADVOGADO ATROPELADOR DE SALVADOR." , maculando  a classe dos advogados, a nossa OAB , colaborando ainda  para a  lamentável  estatística que confere ao Brasil  o título de  um dos países que mais mata no trânsito.

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26.03.2011
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Enviado pelo Colega Paulo da Cunha - Porto Alegre/RS
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Atropelador de ciclistas deverá ser removido para o Presídio Central
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul - 11 de Março de 2011
A Juíza de Direito Rosane Ramos de Oliveira Michels, da 1ª Vara do
Júri de Porto Alegre, determinou que Ricardo José Neis, que atropelou
ciclistas no Bairro Cidade Baixa, em 25/2, seja removido imediatamente
para o PC...

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Enviado pelo Colega Roger Kelleter – Porto Alegre/RS
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Negado habeas corpus a atropelador de ciclistas

O Desembargador Odone Sanguiné, da 3ª Câmara Criminal do TJRS, negou o
pedido liminar de habeas corpus em favor de Ricardo Neis, que teve a
prisão preventiva decretada em razão do atropelamento de ciclistas no
bairro Cidade Baixa. No entendimento do magistrado, não há ilegalidade
evidente que justifique a concessão imediata de liberdade provisória.
O mérito do habeas ainda será analisado após informações do Juízo da
1ª Vara do Júri e de parecer do Ministério Público.
Segundo alegação da defesa, o investigado tem condições de responder
ao processo em liberdade, pois é servidor do Governo Federal, possui
residência fixa e não registra antecedentes criminais. Também se
apresentou espontaneamente à polícia, de forma que não estaria
buscando obstruir a investigação criminal.
Ressaltou o Desembargador Sanguiné que a concessão de habeas corpus em
caráter liminar é destinada a casos excepcionais, nos quais não se
enquadra o caso presente. Avaliou que a decisão da Juíza que manteve a
prisão preventiva está suficientemente fundamentada. Dessa forma, por
não visualizar ilegalidade na prisão preventiva, decidiu negar o
pedido de liberdade e analisar as argumentações da defesa depois de
recebidas as informações do 1º Grau e do parecer do MP.
Habeas corpus nº 70041603622

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