domingo, 14 de agosto de 2011

PISOU NA BICICLETA



PISOU NA BICICLETA

Artigo de Valci Barreto e Itana Mangieri.


Tenho lido com atenção quase tudo que é publicado na imprensa escrita baiana sobre bicicletas. De tudo que se fala em mobilidade urbana, sem desmerecer carroças, trens, carrinhos de mão, (que em Morro de São Paulo são bem mais úteis do que metrôs, trens ou avião), metrôs, VLT, a parte que mais me interessa é a relacionada às magrelas. E é exatamente por isto que acompanho alguns artigos, a respeito deste tema, do arquiteto e urbanista Lourenço Mueller, e aproveito para comentar seu artigo publicado no Jornal A TARDE de 14 de Agosto de 2011.

Não me arvoro, jamais, como conhecedor do tema Mobilidade Urbana em sentido mais amplo, muito menos em relação à Engenharia Urbana. Mas, por usar a bicicleta como meio de transporte, alternado-a com moto, carro e ônibus, para passeios pelas ruas de Salvador, fazer parte da história dos grupos cicloativistas baianos; ter publicado e continuar publicando centenas de textos e vídeos no cyber espaço, relatando a minha experiência pessoal sobre as duas rodas, arvoro-me a falar, com conhecimento próprio, a respeito delas. Porém, mais do que falar e escrever, tenho autoridade para falar, também, sobre a Historia deste movimente em Salvador, desde o início, o qual não está em movimentos cicloativistas internancionais; mas em passeios lúdicos realizados por entidades ou grupos como ASBEB e ASBB, Narandiba, Itapagipe é do Pedal, Pedalada da Noite, todos em plena atividade e alguns outros já desfeitos.

Passeios de grupos como Farol Light, que ainda continua firme, sempre teve um propósito exclusivamente esportivo e lúdico, com passeios noturnos saindo do Farol da Barra, nas várias direções da nossa cidade. O seu líder, Edson Vigo, jamais declarou ou declara ter intenção cicloativista , mas não pode ser ignorado como atuante no movimento, considerando algumas participações e apoios em inúmeros eventos, inclusive sob o nome de Bicicletada; termo este usado por nós como comparativo de carreata; e não em alusão aos movimentos internacionais citados pelo Arquiteto Lourenço Mueller.

A política no ambiente cicloativista baiano foi surgindo, de forma natural, dentro da Asbeb, ASBB, Grupo Narandiba, Jarraw e Jabutis Vagarosos. Inicialmente, com campanhas para não sujar o chão, lições em favor da proteção ambiental; compartilhamento da rua com carros, respeito ao pedestre, descambando para uma postura politico/socio/educativa, acolhendo , inclusive, políticos interessados no movimento, como Daniel Almeida (de forma mais tímida, mas com registros), Valdenor Cardoso, que realizou várias chamadas para reuniões públicas na Câmara de Vereadores; Reginaldo Oliveira, autor da lei que criou o Dia Municipal do Ciclista, articulada por Gilson Cunha, da ASBB e, especialmente, Everaldo Augusto, que continua presente no movimento, mesmo após ter perdido o seu mandato. Os três ex-vereadores citados abriram seus gabinetes para as reivindicações da militância ciclística, com varias reuniões em audiências públicas e visitas a órgãos técnicos da Prefeitura.

O professor Mueller, demonstrando natural contentamento por agregar aos seus títulos de Urbanista renomado, o de “Senhor Bicicleta”, ao que parece atribuído empresário, advogado, político e escritor Joacy Goes, e simpatia pelo vereador, cometeu sem qualquer dúvida, alguns enganos e, sobretudo, injustiças com pessoas que, bem antes dele e do vereador, cuidavam, pregavam, reivindicavam posturas e atitudes governamentais em favor das bicicletas nas ruas.

Estamos próximos às eleições e é muito natural que a bicicleta, a Mobilidade Urbana, sejam temas recorrentes nas discussões gerais dos políticos, inclusive com convocações para audiências públicas. Estas, porém, considerando tantas que já ocorreram e as conseqüentes repetições de falas, reivindicações e propostas já formuladas, não devem apresentar maiores novidades. Talvez o vereador, por ainda estar fazendo experimentações relacionadas às bicicletas, desconheça a história. Seu desconhecimento ficou claro em lei de sua iniciativa, divulgada na imprensa e no cyber espaço, quando em um dos seus artigos instituía a obrigação de os bicicleteiros terem que obter autorização do poder pública para realizar atividades, passeios, em grupos. A proposta criou um “rebuliço“ no meio do cicloativismo baiano, não somente por demonstrar desconhecimento do Código Nacional de Transito como artigos e princípios elementares da Constituição Federal. A lei, proposta pelo vereador, não é apresentada no seu site pessoal nem no da Câmara de Vereadores, segundo comunicado nas redes sociais pelas lideranças dos nossos bicicleteiros.

PAI DAS BICICLETAS

A maternidade da criança é uma certeza biológica. A paternidade, nem sempre. Até os mais avançados testes biológicos apresentam algum percentual de erro.

Mães há que atribuem paternidade a filhos que elas próprias duvidam. Casos há que percorrem tortuosos caminhos processuais. Daí, no popular, dizer-se que pais podem ser muitos, mas a mãe é uma só.

Podemos até afirmar que é um novo pai que se apresenta no mundo das bicicletas baianas. Mas os reais, verdadeiros, já tiveram sua paternidade reconhecida, carimbada pelo movimento. São eles: Maurício da Asbeb, Gilson Cunha da ASBB, Amigos do Tony, Alberto Bugarin, Grupo Narandiba, Itapagipe é do pedal, verdadeiros, legitimados pela Historia do cicloativismo baiano.

Em relação aos políticos os pais são os vereadores que citamos. Em relação ao Gilmar Santiago, não há qualquer paternidade possível porque nenhum “filho” sequer foi gestado ainda.

Que venha o vereador, se case com o movimento ou mantenha aquela relação estável reconhecida pelo nosso Código Cível para merecer tal titulo. Por mais respeito que tenhamos ao Joacy, ao vereador, não há como atestar a paternidade do edil, pelo menos até esta fase.
Seu filho, como sugestão, pode ser a abertura dos elevadores para as bicicletas, reivindicação antiga, esquecida em algum gabinete da Prefeitura, se é que algum registro foi procedido das nossas reuniões ali ocorridas a respeito.

Quanto aos citados cicloativistas pelo artigo, reconhecemos em todos eles: Pablo, Clément, as Rosas, Marcos, Lucas e tantos outros como os novos guerreiros que deram mais vibração, produção e impuseram respeito ao momento para o cicloativismo baiano.

Não sabemos ao certo quem é o criador da bicicleta no futebol,
mas quando algum jogador erra um lance, diz-se “pisou na bola”.
Já no ciclismo (urbano ou esportivo) quem comete deslizes atribui-se a pecha de “papuco” ou “roda presa” para quem chegar por último. Neste caso podemos afirmar que o citado arquiteto “pisou na bicicleta”.

Se o vereador mantiver as posturas anteriores, apenas realizando audiências públicas, sem avançar no processo já iniciado há muitos anos pelos grupos citados, teremos que, mais uma vez, darmos razão a Jorge Amado quando afirma que as cidades foram criadas pelos Mascate, Prostitutas e Vigaristas. Depois é que chegam os políticos para dar nomes às ruas.

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