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“MINHAS BICICLETAS.”
Valci Barreto
Editor do bikebook.blogspot.com
Nascido em Jaguaquara, cidade do Vale do Jequiriça, famosa pelo São João, Colégio Taylor Egídio, friozinho gostoso, produção de hortifruti, notadamente tomate, as primeiras bicicletas que vi foram as do tipo barra-forte, barra circular e algumas européias, trazidas pelos colonizadores italianos, cujos descendentes compõe boa parte da sua população. Foram também as primeiras que montei. Meu pai tinha uma verde, toda equipada com descanso, dois espelhos grandes sobre o guidom e bagageiro. Foi nela que aprendi a montar, no início da ladeira do bairro da Casca.
Ainda hoje, são os tipos de bicicletas que gosto: barra forte ou circular, com bagageiro, cestinha ou mesmo “cestão”. Nos centros das cidades, a minha preferida é qualquer uma que tenha quadro baixo, tipo “bicicleta de mulher”, porque são mais leves e fáceis para delas descer e empurrar, o que é muito necessário em locais de circulação de muitos pedestres e de obstáculos urbanos.
Sem ser atleta, pertenço ao mundo dos passeios de bicicletas, sem ser intelectual, acadêmico, sou apaixonado por livros e por leituras, vivendo estas paixões por puro prazer. Pedalo quase todos os dias. Nos finais de semana, costumo sair em grupos ou mesmo sozinho, dentro ou fora de Salvador. Quse sempre escreve sobre meus passeios, publicando-o em sites e blogs, notadamente no bikebok.blogspot.com e no muraldebugarin.com
Sempre me causou curiosidade , jamais levando a sério, o preconceito que envolve uma série de objetos, atitudes, comportamentos. Vou me ocupar aqui de alguns relacionados às bicicletas. A maioria das pessoas dos grandes centros urbanos, a exempo de Salvador, olha atravessada para as bicicletas sem marcha, as com cestinhas,desconso e bagageiro . Possuindo alguns pontinhos de ferrugem, por menos significativos que sejam, destituída d desenho caro, "moderno", são olhadas de forma desdenhosa, desprezível.
Circulou nos sites, blogs, entre os amantes de passeios ciclísticos de Salvador, uma crônica , “Minha Bike Tem Cestinha”, da nossa querida escribiker ITANA MANGIERE, que se tornou-se clássica. Era um grito bem humorado da nossa cicloativista, muito querida por todos nós, contra os que debochavam da sua bike, munida sempre daquele equipamento , tão comuns em regiões que cultuam , de verdade, a magrela, a exemplo da Holanda.
Tive e tenho que estar “brigando”, em favor das “minhas bicicletas”: quase sempre com cestinha, bagageiro e de buzina tradicional, do son inconfundível "trin, trin..."
Não vejo qualquer mal em usar bicicletas caras, de desenhors e peças arrojadas, por demais leves, belas até. Nada contra elas nem quem as as possui. Elas servem para muitas coisas, inclusive para alimentar vaidades. Há bicicletas leves, muito caras, apropriadas para os mais variados fins, especialmente relacionadas aos esportes radicais com bike. Mas a minha bicicleta é a tipo barra cicular, qualquer bicicelta simples, inclusive as de quadro baixo , para circular nos centros urbanos, sempre munida de Cestinha. Para estes tipos de passeios, qualquer bicicleta serve, mesmo as tipo Brisa , Cecisinha, nova ou enferrujada, desde que rode. E sempre com, pelo menos uma cestinha ou bagageiro. A final, não vejo outra forma para levar livros, jornais, frutas, remédios, pequenos objetos que compro ou transporto para entregar a alguem pelo caminho, notadamente livros e revistinhas usadas para crianças, nos meus passeios ciclisticos pelo centro da nossa Capital, local preferido para minhas pedaladas , quando não saio de Salvador.George Argolo, apeser de vir da simplicadade da querida Santo Amaro da Purificação, tornou-se um cicloativista muito “metido a besta”: só quer andar em bicicletas com muitas marchas, peso de algodão, voando , sem cestinha , descanso e jamais de bagageiro. Espelhos, sòmente se for daqueles "fashions", quase invisiveis, de marcas conhecidas pelas suas notórias qualidades e pelos preços elevados. Sendo um dos mais atuantes cicloativistas, filantropo em seus/nossos passeios, sempre levando algum presente, livro, leite para entidades carentes, têm tido dificuldade em colocar tudo em uma mochila, também "de marca", com prejuízos para sua coluna, ainda resistente, em função da sua juventude e vigor, e, principalmente, para os livros e revistas , que não se machucariam se bem acondicionados em cestinhas ou bagageiro.
George Argolo, como muitos, para atender à cultura, imposição dos inimigos das cestas , espelhos , bagageiros e descansos das magrelas, prefere fazer sofrer livros e revistas dentro das suas mochilas.
O prejuízo maior, para quem pensa como George, (o de depois da Estrada Real) é também para as entidades beneficiárias, pois ele sempre leva menos do que gostaria. Diz: levo o resto de carro. Mas aí, pelo menos para o caso, não vejo graça. Carro é carro, bicicleta é bicicleta... Não tem que “misturar”...
Não quero depender de carro para tomar um sorvete, comprar um remédio, transportar uma revista , um livro nem machucá-lo em mochilas, apesar de muito úteis em nossos passeios. Por isto, minha bike tem cestinha, vai ter cestão e até carrocinha uma delas já tem. E jamais vou me importar com os olhos atravessados ou com quem não quiser acompanhar-me em meus jabutis, somente por causa da minha, bem simples, magrela. Pra ser feliz em meus passeios, eu não preciso mais do que uma bicicleta que apenas rode. Não sinto qualquer necessidade de marcha, de materiais, equipamentos ou desenhos sofisticados. O que não dispenso é cestinha , ou bagageiro. Que as outras existam, mas para as corridas do Dimitri, as viagens de George , Alex/Alessia, pelas montanhas mineiras. Para as ruas de Salvador, meus passeios pela Linha Verde, fico com as minhas, de qualquer marca, bem baratinhas, de cestinha, cestão, descanso , espelho e bagageiro, desde que quem rodem e não quebrem pelos caminhos.
Já estou comprando a minha barra circular, vermelha, de bagageiro, cestão e descanso. Entre as vantagens deste último equipamento, evita sujar as paredes das lojas em nossas paradas.
Para mim, o prazer está no pedal em si, nos passeios, no mundo que a bicicleta me proporciona; o que vejo pelas ruas , becos, sebos, brechós, aprendizado com pessoas que encontro. Para isto, desde que rode, qualquer bicicleta me serve. Nas ladeiras, obstáculos, desço , empurro-a, com o mesmo prazer da montaria: vou vendo coisas, sentindo as coisas , pessoas, imagens mais proximas de mim, seja qual for o preço da bicicleta.
É o mesmo prazer que tenho em ler um livro de qualquer época, seja ele novinho da Siciliano, ou velhinho, do ponto do seu Alfredo, ou do sebo do Eraldo, no terminal da Lapa: eu quero é ler.
Para a Capital baiana, cidade plana para pedalar, não sei para que bicicleta com marcha, nova, cara e ainda sem cestinha e descanso. Acho coisa de subdesenvolvido, que nunca viu, sequer, uma foto de bicicleta rodando na Holanda.
E depois de tudo, ainda dizem que que é "coisa de pobre" e que o tabaréu sou eu!...
-Publicado no muraldebugarin.com e no
Bikebook.blogspot.com
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