segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

EM NOME DO AMOR E DA BIKE

Matéria da jornalista Jeanne Calegari
Revista Época

Paulistano resolve unir suas duas paixões e vai de bike pedir a namorada em casamento, acompanhado por mais de 200 amigos ciclistas
Entre casar e comprar uma bicicleta, o casal Luiz Humberto Sanches Farias, 23 anos, e Patrícia Simões, 31 anos, ficou com os dois. Ele teve a companhia de mais de 200 ciclistas para pedir a mão dela em casamento, em um bar no Pacaembu. Ela, que nunca andou numa magrela, disse sim, com lágrimas nos olhos, e prometeu: vai comprar uma bike e aprender a pedalar.

O executivo de compras e morador do Bairro do Limão Humberto, mais conhecido pelo apelido, Tokinho, participa há oito meses da Bicicletada, encontro de ciclistas que se reúnem na última sexta de cada mês para celebrar a ocupação das ruas por veículos não-motorizados. O trajeto é decidido na hora, no local da concentração, na Praça do Ciclista (esquina da Av. Paulista com a R. Consolação). O movimento, inspirado na "Massa Crítica" de São Francisco, é horizontal, não tem líderes e é aberto a qualquer um que queira participar. Normalmente, é descrito como uma "coincidência organizada".

Na Bicicletada de novembro, que ocorreu na sexta, dia 29, Humberto fez um pedido especial aos participantes: que o acompanhassem até um bar, onde a família e sua namorada, a administradora de empresas Patrícia, estavam esperando por ele, sem saber de nada. Com a companhia de todos, ele faria o grande pedido.

A turma de ciclistas se entusiasmou com a idéia e topou fazer o percurso, que ficou conhecido como a Bicicletada da União. "Como a noiva chega na igreja? De carro. Qual é a cena que vem à cabeça quando os noivos saem? Do carro cheio de latinhas. A cultura do automóvel se apropriou até dos casamentos. Uma união onde o carro não tem o menor valor ou sentido tem tudo a ver com a Bicicletada", diz André Pasqualini, cicloativista e entusiasta do encontro mensal.
Alguns dos ciclistas já sabiam da intenção de Tokinho e foram vestidos a caráter, com véus de noiva e roupas de festa. Ele foi de terno, gravata e buquê de flores na mão. "Pedi para o pessoal ir comigo para unir as minhas duas paixões e porque rolava um ciuminho da minha noiva cada vez que tinha algum evento da Bicicletada", diz Tokinho, que já levou a mãe para participar de um dos passeios.
Apesar do nervosismo, Tokinho conseguiu fazer o pedido a Patrícia, que namora há quatro anos. Com lágrimas nos olhos, ela aceitou imediatamente. Trocaram alianças ao som da algazarra animada dos ciclistas ao fundo. "Eu não sabia que vocês eram tão lindos", disse Patrícia, para o grupo. "E eu quero aprender a andar de bicicleta!" Na verdade, ela e Tokinho pegaram uma magrela ali mesmo e saíram pedalando, ele com ela no colo. E na cerimônia, nada de carro para levar a noiva. Patrícia deve chegar de Táxi Bike, com um chofer pedalando na frente e dois lugares atrás para ela e o pai, enquanto Tokinho vai com a sua bicicleta.

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