É POSSIVEL PEDALAR EM SALVADOR, MESMO SEM CICLOVIA.
Valci Barreto.
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O projeto CIDADE BICICLETA atende, sem qualquer dúvida, a muitas reivindicações dos ciclistas baianos.
Vejo, porém, que sua implantação virá , em prestações suaves, com tempo que muitos não alcançarão.Governo nenhum implantará medidas tão favoráveis às bicicletas como as referidas no resumo das discussões do Projeto.
Porém, a preocupação da população, escolas, poder público, e a divulgação de tais projetos, revelam que algo está sendo pensado.
Há, porém, coisas bem simples, simplórias até , que podem ser feitas de imediato ,como a liberação dos planos inclinados, elevadores que ligam cidade alta à cidade baixa, inclusive Elevador Lacerda; escadarias da Lapa, para permitir ao ciclistas transportar as suas bicicletas.
Uma ação como esta apesar de toda a sua simplicidade e ausência de custo, parece uma reivindicação de construção de uma ferrovia.
O sistema de administração pública, para tomar uma decisão tão boba, parece que precisa refazer toda a arquitetura da cidade. Fizemos varias reuniões em órgãos da Prefeitura. Os técnicos com os quais conversamos apoiaram a idéia, manifestaram que é uma coisa simples mas até agora, de nosso conhecimento, nenhuma ação prática. No entanto, como é em favor dos carros, estão sendo contruidas Via Expressa e já se inaugura viadutos do Ogunjá,
Ou seja, os órgãos públicos não estão interessados em bicicletas nas ruas. O empresariado, a classe média, não têm nem terá qualquer interesse em bicicleta . Pelo menos enquanto for possível andar de carro. O setor econômico, ligado a transporte de veículos, de um modo geral, inclusive ônibus, não tem qualquer interesse em construção de equipamentos destinados às bicicletas.
Por isto, nós, que amamos a bicicleta, em vez de esperar, em vez de criticar , vamos fazer a nossa parte. Dentro da lei, vamos ocupando os espaços, colocar nossas bicicletas nas ruas; fazer valer o nosso direito já assegurado pelo código nacional de transito, simplesmente pedalando nas mesmas ruas destinadas aos carros. Tudo dentro da lei, do respeito, e da civilidade que os carros nos negam. Não vamos usar a mesma arma da grosseria, falta de respeito e de educação de muitos motoristas de veículos que acham que as ruas é somente deles.
Nós, que já entendemos, que aprendemos pedalar pelas ruas, com relativa segurança, vamos ensinar a mais pessoas a fazer o mesmo. Vamos ensinar , diuturnamente, para mostrar a mais e mais pessoas, que é possível pedalar em Salvador, que Salvador é plana para bicicletas; que mesmo com a brutalidade dos nossos motoristas, há alternativas para pedalar em muitos espaços da nossa Capital. O caos do transito que já se implantou em nossa cidade, com seus gigantescos engarrafamentos, criará o momento em que não será possível trafegar de carro em muitos espaços. Os donos de carros não deixarão seus veículos por questão ecológica nem pelo “ desconforto” de ônibus e bicicleta. Eles vão preferir mudar de cidade, transferir seus negócios para outros espaços. Muitos deles, porém, como funcionários públicos, empregados de um modo geral do comercio, não podem escolher onde morar com as mesmas facilidades. Terão, então, que conviver com um sistema de transporte de massa cada vez mais difícil, demorado, desconfortável. Estas pessoas é que poderão fazer a revolução das bicicletas em nossa Capital fazendo uso permanente dela. Muita gente quer andar de bicicleta mas acha que impossível por conta de por conta das ladeiras, calor , falta de respeito por parte dos motoristas de veículos.
O calor pode ser vencido com uma simples toalha molhada, banho de hospital, mas banho, em lugar em que não houver banheiro apropriado.
As ladeiras , elas não existem em Salvador para as bicicletas. A nossa cidade é plana: pedala-se de Praias do Flamengo até a Ribeira, Bonfom, Comercio, Casco da Gama, Pituba, sem subir uma ladeira sequer. Os pequenos aclives para a cidade alta, como Contorno, Montanha, Taboão, São Raimundo, empurrando a bicicleta o ciclista gasta menos de dez minutos em cada uma, tempo menor do que a espera por ônibos.
BRUTALIDADE, ESTUPIDEZ, FALTA DE RESPEITO DO MOTORISTA DE CARRO.
Para quem já anda de bicicleta em Salvador, este é o único problema; é o único limitador . Porém, se cada um de nós, ciclistas, levarmos um bilhete , até mesmo um carimbo, ensinando para eles o código nacional de transito, muitos deles , sem qualquer dúvida, passarão a entender que a rua não é só do carro. Os realmente embrutecidos , também serão convencidos quando virem pela cidade, pelas mesmas ruas, dentro da lei e do direito, como autoriza o código nacional de transito. Com certeza, mesmo os mais estúpido deles não irá jogar seu carro em cima de ninguém até mesmo porque até lá já deve ter aprendido a respeitar a bicicleta como meio de transporte.
Então, a solução que vejo, de imediato, e não há outra, está em nós mesmos cicloativistas, usando a bicicleta, tendando convencer ao maior numero de pessoas o que já sabemos, mostrar que é possível pedalar em Salvador; que podemos nos desviar de carros, alternando pedalada e caminhada, conforme a situação de cada espaço.
Uso muito a bicicleta no meu dia a dia. Não preciso de carro nem de moto em todos os momentos. O carro é para transportar- me para distancias superiores a cinco quilômetros; carregar peso que a bicicleta não suporta; levar-me a eventos sociais que exijam indumentárias formais; e no dia a dia de trabalho o paletó e a gravata também são limitadores. Não por conta da roupa em si, mas pela falta de banheiros adequados em cada lugar que eu tenha que passar.
No mais, faço tudo em bicicleta. E são milhares de pessoas fazendo o mesmo em Salvador. Não faço para ser diferente; faço por que é mais fácil, prazeroso; econômico e, confesso bem mais simples do que dirigir um carro, procurar estacionamento, enfrentar flanelinhas , engarrafamentos e tantos inconvenientes os quais somente conseguem suportar quem gosta demais de carro e não descobriu as possibilidades de uma bicicleta . Nós , que pedalamos, há muito já descobrimos; e quanto mais gente ajudarmos a descobrir estes caminhos, mais lições estaremos dando aos nossos embrutecidos motoristas de carro, notadamente de ônibos e taxis, os mais agressivos, sem qualquer dúvida.
Vamos continuar aguardar as políticas públicas em favor das bicicletas; comemoramos quando elas foram implementadas. Mas enquanto não vem, vamos pedalar do jeito que está aí, sem ciclovias, ciclofaixas e respeito dos motoristas. Vamos usar a bicicleta em nosso dia a dia, ainda que para pequenas tarefas perto de casa. Quem começar hoje, já vai se arrepender por não ter feito antes.
O sucesso das bicicletas nas ruas depende muito mais de nós , ciclistas, cicloativistas, bicicleteiros, amantes do pedal, do que de obras do governo que, com certeza muitos da nossa geração não alcançarão. Quantos já morreram desde o projeto até a implantação, ainda não ocorrente, do nosso micro-metrô?
Há muito já estou pedalando, mesmo sem ciclovia, ciclofaixas, bicicletarios e enfrentando a brutalidade dos nossos motoristas, com bastante segurança, sem medo de ser feliz , olhando em cada um um inimigo e fugindo deles. Até agora tenho conseguido. Se mais gente fizer como nós, nem precisa vir ciclovias: elas já estão aí: nossas ruas, que não é somente do carro, um monte de ferro, tinta, impostos, conforto glamour, egoísmo , tudo patrocinando pela industria do veiculo que o Estado teima em estimular, proteger, cuidar, alimentar, pelas mais variadas razões e equivocadas políticas que não mais cabem no mundo moderno.
Não somos contra o carro. Somos contra a forma abusiva, desrespeitosa, egoísta, como o carro é usado, patrocinado pelo Estado que tem o dever de implementar políticas em favor de transportes alternativos seguros, como a bicicleta e transporte público.
Ciclistas baianos, vamos ocupar nossas ruas, pois elas não são so do carro. Todo cidadão paga os impostos que devem ter seu destino partilhados por todos e não apenas em favor dos donos de automóveis.
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