segunda-feira, 6 de junho de 2011

Minha bike tem cestinha e sou feliz !

Há alguns anos, a cicloativista , escribiker, Itana Mangieri, escreveu em arito em nossos blogs que foi um sucesso. Os preceitos descritos no texto continuam novos. Porém ajudando a vencer estes preconceitos, chegou o Meninas ao Vento, que aderiam à bicicleta como meio de transporte e que não dispensam a cestinha, descanso e espelhos retrovisores. Já disso e repito em Salvador, a grande novidade em favor das bicicletas na rua, inclusive com cestinha, é o MENINAS AO VENTO.


A minha também tem cestinha, descanso e retrovisor, equipamentos que entendo indispensáveis para pedalar na cidade. Pelo menos por quem faz  uso da bicicleta como meio de transporte e lazer. Estes equipamentos, óbvio, so não combinam com as bicicletas para competição e nas competições.


Itana Mangieri


O que eu já escutei de preconceito sobre minha cestinha não está escrito ....
Já me aborreci, me magoei, me indignei, mas não desanimei. Por quê ? Se ela não prejudica ninguém ! Ao contrário, ajuda !
Eu caminhava diariamente da minha casa até o supermercado pela manhã para me exercitar. Comprava minhas frutas e retornava carregando sacolas. Um dia pensei: preciso botar minha bike na ativa. Vou a uma bicicletaria, instalo uma cestinha na minha bike, me exercito e ainda trago mais frutas pra casa sem carregar tanto peso nas mãos. Isso privilegiará a melancia, o melão, a manga e as vitaminas necessárias para minha saúde. E dependendo da época, a jaca também. Sem exageros, mas eu adoro frutas.
Com o passar do tempo, a marginalidade cresceu e decidi não mais sair de casa sozinha para pedalar. Hoje só pedalo em grupo por medida de segurança. Mas em grupo não tem jeito ... o preconceito vai junto ... rsrsrs. Os bikers olham para a “Branca de Neve”* e espontaneamente perguntam: “de cestinha ?”. E aí eu respiro fundo e penso: “Calma Itaninha. É só mais um exercício de paciência !”
E seguem outros questionamentos: “pra quê essa cestinha aí ?”, “vc não acha que essa cestinha atrapalha ?”, “essa cestinha deixa sua bike pesada !”, “essa cestinha não combina com nosso pedal”, “porquê você não tira essa cestinha ?” ...
Porquê ? ... Por quê eu gosto assim e pronto, oras !
Na Europa, em Amsterdan, na Holanda, ... a utilização da bicicleta é muito maior do que aqui no Brasil e lá todas tem cestinhas. Independente de ser um símbolo feminino (conceito do brasileiro), é “prática”. Carrega-se de tudo: livros, bolsa, merenda, compras, brinquedos, cachorro, gato, gaiola, papagaio, qualquer coisa que der vontade de levar e etc. É ... mas na hora dos passeios em grupo, depois das paradas, sempre tem alguém que utiliza minha cestinha para depositar embalagens vazias como latinhas e garrafinhas. E eu, orgulhosamente, procuro uma lixeira para o descarte. A cestinha também faz parte da minha consciência ecológica.

Outro dia eu estava colocando a “Branca de Neve”* no carro, quando ouvi dois senhores, vizinhos do meu condomínio, comentarem assim: “Mulher andando de bicicleta é melhor do que batendo o carro”. Olhei pra eles, dei um sorriso e respondi: “Os senhores têm razão. Tenho mais chances de sobreviver a um acidente de bicicleta do que num de carro”. Como se já não bastasse a polêmica com a cestinha, ainda tenho que enfrentar o preconceito machista... Esse papo de que mulher pilota bem fogão e tanque é verdade, e daí ? São raros os homens que lavam suas roupas e mais raros ainda os que deixam o colarinho da camisa limpo.
Agora resolvi aprender e praticar o estilo Montain Bike. Imaginem a cara dos integrantes do grupo quando cheguei com minha cestinha ? Teve gente que colocou as mãos na cintura, feito açucareiro, torceu o nariz e disse: “Essa cestinha aí não vai dar certo” ! Rsrsrs. Bom, neste caso eu até que concordo, pois a cestinha pode enroscar no meio do mato, dificultar meu desempenho numa manobra ou até mesmo me machucar numa queda. Para este estilo ciclístico eu abrirei uma exceção: tirarei a cestinha da bike quando for para as trilhas. Para outros passeios, ela retorna para o lugar dela. Mas só até quando eu comprar outra bicicleta específica para o Montain Bike. Mas minha intuição diz que durante alguma trilha eu precisarei dela. Quando, por exemplo, me deparar com lixo no meio do mato, largado lá por algum “Porquinho Ecologicamente Incorreto” ou quando encontrar frutas pelo caminho da trilha. Porque eu não vou me embrenhar no meio do mato, de bike, só pra fazer esforço, manobras de equilíbrio, cair, me estabacar na lama, produzir adrenalina e ter aventuras pra contar ... Também quero curtir e sentir o que a natureza tem pra oferecer: manga, jamelão, carambola, jambo, siriguela, jabuticaba, umbu, goiaba ... se o dono do sítio não estiver vendo, claro !
Por isso sou advogada de defesa da cestinha !

* Branca de Neve é o nome da minha bike.

Itana Mangieri

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