quinta-feira, 1 de setembro de 2011

TRANSPORTE CLANDESTINO

Texto: Itana Mangieri

A preocupação pública de Salvador é com a mobilidade urbana, mas muitos aspectos que a envolvem estão cada dia mais negligenciados, principalmente o transporte clandestino que se monopolizou no aeroporto “2 de Julho” ou ALEM.
Hoje presenciei como a máfia do transporte clandestino age contra os turistas e o turismo da Bahia, quando fui recepcionar um grupo de amigos de Belém do Pará que vieram para a Bahia para realizar uma expedição cicloturística na Chapada Diamantina.
Negociaram, por email e telefonemas por mais de um mês, com um funcionário de uma empresa de transportes denominada Santa Rosa, sobre o traslado de van para 15 pessoas e sua bicicletas de Salvador X Lençóis X Salvador. As referências desta empresa foram indicadas e checadas através de blogs e sites de turismo. Ao desembarcarem, às 6:30hs, o funcionário aguardava-os com uma placa em mãos para identificá-los e então iniciou-se os sucessivos abusos de clandestinidade. O funcionário chamou o responsável pelo grupo para a lanchonete e informou-lhe que o valor combinado estava errado e que aguardou a chegada do grupo para renegociar pessoalmente. Óbvio que houveram contestações e pedidos de desculpas e compreensão etc, etc, etc .... Nisso, outros “profissionais agregados”, que ocupam a área do desembarque, se aproximam para ouvir a conversa/renegociação e iniciaram uma rede de contatos telefônicos, com outros agregados, informando detalhes do destino do grupo e os tipos e quantidade de passageiros e bagagens. Como o volume de bagagens era grande, entre mochilas e bikes, logo o funcionário que havia negociado, declarou que na Van, não caberiam todos e tudo. Imediatamente outras propostas, para realizar este traslado, começaram a surgir de vários outros desconhecidos. Em seguida, aproximou-se um senhor, demoninando-se executivo da empresa Franstur, pela qual foi sub-locado um micro-ônibus pelo funcionário que negociou o traslado. Micro-ônibus este que, a cada 20 minutos “estava à caminho”. O zum-zum-zum formou-se na área de desembarque. Os policiais do módulo, que ocupa espaço no setor de desembarque, sequer ousaram interessar-se ou participar da situação.
Um dos integrantes do grupo procurou informações nas agências de turismo do saguão térreo e conseguiu indicação da Grou Turismo de um motorista que presta serviços e que poderia, se estivesse disponível, solucionar a questão. Após contatá-lo, este motorista chegou ao aeroporto em 30 minutos com seu micro-ônibus, negociou um valor semelhante e embarcou os expedicionários, suas bagagens e bikes para Lençóis/BA. A Van, negociada para já estar aguardando o grupo, às 6:30 hs, as 10:00 hs, quando seguiram viagem, ainda não havia chego. Outro absurdo interessante é que, durante as prévias negociações, não forneceram a minuta do contrato de prestação de serviços. Na chegada, ao solicitar o contrato, no mesmo constava que as despesas de pedágios, alimentação e hospedagem do motorista eram de responsabilidade do grupo.
O transporte clandestino de Salvador, tão divulgado nas ultimas semanas por causa de uma turista assaltada, não começa nos desembarques do aeroporto ou rodoviária, mas sim em blogs e sites clandestinos de referência turística que lhes garantem a atuação “consentida” nestes locais.
Ruas e avenidas paradas e congestionadas, manifestações que bloqueiam o trânsito, crscimento descontrolado da frota de veículos, elevador Lacerda quebrado, um aeroporto que é a Casa da Mãe Joana, metrô fantasma, projetos de mobilidade urbana desenhadas em papel, quantidade de ônibus que não suprem as necessidades, transporte clandestino sendo negociado como pacote turístico e ciclovias que ligam nada a lugar nenhum.
Há 3 anos da Copa ... a Bahia deveria comemorar o Zôo porque o mico vai ser geral !

Um comentário:

Anônimo disse...

PARABENS ITANA!

PERFEITO, SENSIVEL E VERDADEIRO O SEU TEXTO!

VALCI BARRETO