domingo, 4 de setembro de 2011


RESPEITANDO A LEI JÁ É UM BOM COMEÇO.

Valci Barreto.
Advogado militante em Salvador.
Cicloativista baiano.


-Não revisei o texto-

Pelo menos os  colegas que circulam no mesmo espaço que eu, nos corredores de Fórum e Justiça do trabalho, sabem meu envolvimento com o cicloativismo baiano. Sabem também que  circulo de moto há muitos anos em nossa capital.

Sabem todos , também, meu permanente discurso em favor da educação para o transito, trabalho voluntario que faço por onde ando.

Tenho autoridade, por conversas que tenho com taxistas, para afirmar que raramente um deles sabe que a bicicleta tem o mesmo direito de circular nas pistas destinadas aos carros. Aos que já perguntei até hoje, todos respondem que nenhum curso a que se submetem falam deste assunto, nem que a bicicleta goza de preferência no transito , em relação ao carro. . Tomam aulas de legislação e não conhecem este item .

Por isto que buzinam tanto e agridem tanto os ciclistas quando os encontram nas ruas. Acham que a rua é so para carro.

Porém . a tragédia maior já acontecida no mundo, foi perpetrada contra ciclistas em Porto Alegre, por um advogado, pessoa e fato que ficou mundialmente conhecido como ATROPELADOR DE PORTO ALEGRE.

Esta semana, também praticada por advogado, presenciais a mais dois fatos que me deixou preocupado, promovidos por colegas de profissão.

Um deles relatei em artigo que está publicado no bikebook.blogspot.com (EU SOU ADVOGADO), que relembro em resumo:

Em cruzamento da Sabino Silva, um colega em seu veiculo, não respeitando a preferência de ciclistas no transito, não somente ultrapassou  perigosamente alguns, sem respeitar a distancia que deve haver entre o carro e a bicicleta, como insistiu em passar pelo meio dos ciclistas para vencer o cruzamento.

Como todos os ciclistas fazem em tais circunstancias, tentaram convencer o motorista de que ele tem o dever, imposto pelo código, de respeitar o direito de preferencia no transito; e que, no caso, era e é um movimento que busca levar lições de respeito a quem anda de bicicleta e que pedindo que ele aguardasses o momento para seguir, pedindo  feito, sempre de forma gentil. A resposta do colega foi “Eu sou advogado”, deixando todos surpresos com a reação, comum em outras profissões, mas que não deveriam existir na classe dos advogados. Pelo menos para aquela situação.

No dia 02 de setembro, chegando de moto ao Fórum Rui Barbosa, andando sempre dentro da lei, com todos os cuidados que andar no transito impõe, notadamente de moto  ou de bicicleta, vejo pelo retrovisor que uma senhora, toda alinhada, inclusive o cabelo louro bem arrumado, vestida de branco, forçava passagem em uma pista por demais estreita, com uma agressividade incomum para quem se veste daquele jeito e tem aquela idade. Ultrapassando-me “tirando fino”, certamente teria provocado um acidente em um motociclista menos experiente . Por coincidência, ela ingressou no estaciomento da frente do Fórum, juntamente comigo, permitindo-me que lhe dirigisse algumas palavras, mesmo porque ela parou exatamente onde eu iria parar. Não me contive, baixei bem a voz, busquei toda a calma e a ela me dirigi: “ minha senhora, isto é um absurdo, a senhora não pode contribuir para piorar o mundo. Sei que posso pagar um preço alto  por me dirigir à senhora, se for uma magistrada vingativa, mas não posso deixar de dizer que a senhora está muito agressiva  nop transito. Não contribua para piorar o mundo.”  Com o descaso dos poderosos, nada respondeu. Nem mesmo me olhou. Nem precisava. Só queria dar-lhe o recado, de forma educada e sei que ouviu.

Aquela senhora, informei-me, não era magistrada, mas alguém que trabalha, assessora, algum juiz da Justiça Comum.

No Dique do Tororó, não foi comigo, uma senhora bem vestida, em carrão, para fugir de uma fila que não andava, “arrancou “ para outra, “ deixando um motociclista apavorado. Por acaso, era daqueles que “anda direitinho”.  Eu estava ao lado ,o que me permitiu perceber que se tratava de uma juíza do Tribunal (naquela época , substituindo); por sinal uma daquelas que, posso dizer, tem um comportamento digno como magistrada e como gente. De  sorte que fiquei surpreso. (Me matem, mas não me peçam o nome de ninguém!, não sou criança ).

Considerando estes fatos, mesmo que estes absurdos sejam  cometidos por quaisquer profissionais, pois mesmo educados em casa muitas vezes se transformam em gente perigosa no transito, pelo menos em relação aos advogados, sugiro que  a OAB baiana, tão bem dirigida pelo meu querido amigo , admirado Saul Quadros e pelos membros da diretoria, faça um trabalho junto aos colegas, às faculdades de direito, tratando do código nacional de transito em relação às bicicletas, educação para o transito, como uma contribuição da nossa entidade em favor da paz no transito( o Brasil é um dos campões em matança no transito). E a maior agressão a ciclistas, NO MUNDO, foi cometida por advogado, que se tornou conhecido como o  ATROPELADOR DE PORTO ALEGRE, cujo comportamento apenas foi bem mais grave do que os aqui relatados.

No caso do advogado relacionado aos ciclistas da Sabino Silva , pertence ele ao Conselho da OAB baiana, motivo maior da minha preocupação, em função do mal exemplo dado.

Não tenho, nem terei, jamais , qualquer interesse em citar o nome do colega, por quem tenho apreço , respeito, inclusive pela parte da família(filhos, esposa, sobrinhos, irmãos, também advogados  todos pessoas do bem.  Mas não posso deixar de citar o caso, pois não devo  contribuir para piorar, pelo menos no que é possível. Entendo muitos profissionais, mesmo a lei não autorizando, desconhecendo a lei. Mas os colegas, jamais. Muito menos que sejam agressores em uma área tão perigosa como é o nosso transito que, no caso da Bahia, na Semana Santa passada ,teve no Brasil inteiro, o maior índice de matança no transito, chegando preocupar a ONU, segundo noticiou a mídia.


Felizmente, ao contrario destas cenas, nosso colega, ex vereador, ex policial, advogado militante, Marivaldo,  faz questão de frisar sempre: “Ao passar por qualquer ciclista, tomo as cautelas da lei. E quando vejo o grupo circulando, do movimento cicloativista, paro para parabenizá-los, quando possível , aceno ou buzino em apoio, e  prometo pedalar  com esta turma. “ Não se pode exigir das pessoas em geral tamanha gentileza, generosidade, educação.

Se, pelo menos esta parte do código nacional de transito for cumprida,  já um bom começo.

Cicloaabraço a todos os membros da OAB , a qual , orgulhosamente pertenço.


  

   

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