quarta-feira, 23 de julho de 2008

Quando falta luz é que vemos as estrelas



Hoje faltou energia justo na hora do rush. Os carros apressados cortavam a via ali embaixo e o céu era um imenso arrebol em degradê. O mar saía do azul para o azul-petróleo ou azul escuro. Depende do olho de cada um. Eu via apenas o mar. Infinito dentro da nossa Baía. Linda. Encantada. Cantada e decantada em goles no Mercado Modelo ou em qualquer boteco da redondeza. Recontada nos Jorges e nos não tanto Amados. Nos amores sagrados e profanos. E muitas pessoas saíram a pé pelas ruas. Como há tempos eu não via. Somente faróis olhavam no negrume que se fez do asfalto. As pernas apareciam e sumiam anônimas. Gente apressada. Assustada, talvez.

E eu ali, andando tranquila e calmamente. Desacelerei meu passo. Acelerei meu coração. Parei no centro da Praça. Aquela. A do Povo. Olhei para o céu - que continua a ser do condor - e pensei:

somente quando apagam-se todas as luzes é que olhamos as estrelas!
(SB - 23/07/2008)

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