Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tabulados pela Folha revelam que um em cada seis municípios é dominado por eleitores analfabetos ou que nunca freqüentaram uma sala de aula.
Essa situação aparece em 936 (16,8%) dos 5.563 municípios com eleições marcadas para outubro.
Neles, mais da metade dos eleitores se declarou analfabeta ou capaz de ler e escrever sem ter ido à escola. O segundo grupo é também conhecido como o de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que sabem decodificar a escrita, mas têm dificuldades para interpretar os textos.
Desses 936 municípios, 203 estão na Bahia, 119 na Paraíba e 118 no Piauí. Entre as regiões, a pior situação está no Nordeste, com índice de 37% dos eleitores analfabetos ou analfabetos funcionais. Norte (28%), Centro-Oeste, Sudeste (21%) e Sul (13%) aparecem a seguir.
Alagoas é o Estado com maior percentual de municípios em que mais da metade dos eleitores é composta por esse quadro (63%). Na seqüência, vêm Paraíba, Pernambuco e Piauí, todos com 53%.
Conservador
O voto do eleitor com baixo ou nenhum grau de escolaridade é mais conservador, porque ele não apóia o que não conhece, diz o cientista político da UnB (Universidade de Brasília) Ricardo Caldas. Segundo ele, a ideologia tem um peso menor para esse segmento. "Ele [eleitor com esse perfil] tende a se identificar menos com idéias do que com pessoas."
Dos 128 milhões de eleitores aptos a votar em outubro, 8 milhões são analfabetos e 20,3 milhões, sem escolaridade, apesar de dizerem saber ler e escrever.
Os dados de escolaridade do TSE são fornecidos pelos próprios eleitores no momento em que eles requerem o título. As informações só são atualizadas caso ocorra uma revisão do cadastro, o que acontece principalmente em locais onde há indícios de fraude, ou se o eleitor procurar o cartório eleitoral para corrigir o dado.
Assunção do Piauí, a 276 km de Teresina, lidera esse ranking. No município, divisa piauiense com o Ceará, 74,4% dos 5.536 eleitores são analfabetos (1.221) ou nunca foram à escola (2.900). "Temos muita dificuldade de levar os trabalhadores para a sala de aula. Eles ficam o dia inteiro na roça e não têm disposição para estudar à noite", afirma Maria das Graças Bonfim Filha, secretária municipal da Educação.
"Outro problema, que já foi pior, é que eles [lavradores] costumam levar os filhos para a roça, tirando as crianças da escola", completa a secretária.
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